Chamo-lhe assim e não é que o fosse. Mas era filho da dona Sátira, talhado para futuros, como então se cria.
Um dia foi mobilizado para Angola como alferes e foi parar a Carmona. Não tardou que lhe caísse nas mãos uma donzela, herdeira duma fazenda de café. Chegava ela das mãos dum outro alferes do arre-macho, que acabara o serviço e regressara à metrópole. O sátiro foi apanhado e casou.
Depois do regresso foi viver para uma quinta da família, à vista do rio Mondego. A água vinha do rio, lá ao fundo, a um quilómetro de distância. E tinha no portão, à beira da estrada, um painel de azulejos da Viúva Lamego.
Um dia vendeu a quinta e arranjou trabalho temporário na Siderurgia. Andou por lá uns tempos, enquanto a mulher e a sogra se instalavam numa transversal da avenida de Roma.
A fazenda de café tinha ido à vida. E a mulher dava aulas, a sogra passava o tempo e o sátiro punha na cabeça um chapéu à Sherlock Holmes e apanhava porrada das duas. Só para aprender aquilo que a vida custa. Mas foi tarde.