Há netos com sorte. Este tem um avô que foi à guerra e escreveu um livro só para ele saber.
"Estávamos para aí há um ano naquela monótona vida de isolamento a lidar sempre com os mesmos camaradas, as conversas não tinham grandes cambiantes, as caras eram sempre as mesmas. Até a paisagem que a princípio era deslumbrante, por ser diferente, não se alterava. O tédio acabaria por nos cacimbar se não mudássemos rapidamente de ares. (...)
Delineou-se a estratégia, e o plano foi amadurecendo e ganhando forma. Estabelecemos o percurso, as paragens, os tempos de estadia, tudo muito bem organizado. E lá fomos à aventura.
Chegámos a Luanda. E na manhã seguinte procurámos a Havaneza do Cruzeiro, uma tabacaria que também alugava automóveis. De lá saímos montados no Anglia Fascinante que foi nosso durante um mês.
A visita às quedas do Duque de Bragança foi um inesquecível deslumbramento. Únicos visitantes, enchemos os olhos e a alma com tanta beleza selvagem que já tínhamos esquecido que existia. Depois rumámos para sul, tendo como objectivo chegar a Moçâmedes, depois de visitar Nova Lisboa e Sá da Bandeira. Como em Moçâmedes a estrada ainda continuava para sul, decidimos ir até ao fim e através do deserto chegámos até Porto Alexandre. (...)
No deserto tirámos fotografias em cima da planta considerada carnívora, única no mundo, a Welvitcia Mirabilis. (...)
Esta viagem durou o exacto tempo das nossas férias. Fizemos o caminho inverso e recomeçámos a contagem dos dias que faltavam para tirar a farda de vez.