quarta-feira, 28 de julho de 2010

Tiros pela culatra

Sócrates não é espingarda da minha colecção. Mas pior são os canhangulos que abundam por aí.
A chamada Direita, não sozinha, andou a fritá-lo em lume brando, durante muitos anos, à espera de comer o refogado. Agora o caso Freeport rebentou-lhe com os beiços. Transformou a tralha dessa gente política num bando mafioso de jogadores de vermelhinha, dos que andam pelas feiras com cartas marcadas.
A dita Esquerda, bem acompanhada, gastou-nos a todos o juízo, o tempo e o dinheiro com comissões parlamentares de inquérito, para mostrar que Sócrates mentiu ao Parlamento. Acabou transformada num catálogo de virgens postiças, das de página de anúncios.
Cavaco sobressaiu, no caso das escutas a Belém, que haviam de provar que o homem era um perigo para a nossa democracia. E só aquela saída de velho taralhoco, a tartamudear ao estupefacto país razões incompreensíveis, de atrasado inimputável, lhe permitiu descalçar a bota e besuntar os calos dos artelhos. Acompanhou na sombra todas as manobras e perdeu em todas elas.
Até no caso PT/Telefónica, por ínvios caminhos, Sócrates acabou a ganhar. Usou discutivelmente a golden share, que na minha singela opinião não tinha nada que usar. Mas viu afinal resolver a contento a contenda. O interesse nacional lá ficou salvaguardado, e até os espanhóis aumentaram a espórtula.
Mas tudo isto são notícias más, visto que Sócrates não é grande espingarda, e muito menos boa solução. E ir à caça com a restante canalha, é forte risco de apanhar com tiros que saem pela culatra.