quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Palcos

Tou aqui a escrever à pressa a ver se ainda vou a tempo. É que não quero perder o S. João por nada deste mundo.
A última vez que lá fui explanaram-me em palco um romance inteirinho. Um daqueles russos à maneira, a abarrotar de pormenores de alma, que leva bem à vontade seis meses a soletrar. E ainda aproveitei o segundo intervalo para ir ao casamento da prima Balbina. Era coisa apalavrada há muito e custou-me desamparar a rapariga. Mas lá voltei a tempo de assistir ao desenlace e participar nas palmas, quando os actores andam fora e dentro, fora e dentro, fora e dentro, a plateia toda em pé e uns espontâneos aos gritos.
Agora prometem-me a leitura dos versos integrais do Paraíso Perdido, a propósito dum enredo qualquer do Mestre Gil. É certo que tenho para esta noite a viagem a Cancún, uma semana inteira, a aproveitar as pechinchas da gripe dos porcos, a esquivar-me aos frios que aí andam. Mas a coisa promete tempo para tudo, e paraísos perdidos é comigo. Se nunca falhei nenhum, não ia agora faltar ao do S. João. Nem aos aplausos finais.