terça-feira, 18 de agosto de 2020

Há cem anos...



 À hora do crepúsculo regressava a casa. Montado na Marquesa, um rádio de pilhas pendurado ao ombro, atrás das vacas que subiam a encosta de barriga cheia. Tinham olhos muito grandes, muito meigos, e quando era preciso arrastavam o mundo. 
O caminho era este. E eu lá subia, enquanto a emissora nacional emitia "um conto radiofónico pelo doutor Paulo Pombo".
Hoje não guardo lembrança de conto nenhum. Mas da Marquesa, da Cereja, da Castanha, deste caminho e do poente que morria nunca mais me esqueci.