Quinze dias depois, também à noite, meti o aparelho no braço e medi a tensão. O valor sistólico era desmesurado e o número de batimentos cardíacos não passava de quarenta. Medi outra vez e baixou para trinta e dois. Tomei uma pílula e meti-me na cama.
A minha companheira é que não se ficou. Ligou para a Saúde 24 e logo lhe mandaram chamar o INEM. E eu lá fui, cheio de luzinhas azúis, parar à mesma urgência hospitalar. Também à sexta-feira.
Mas desta vez as coisas foram diferentes. Fui parar aos cuidados intensivos, rodeado de batas verdes e brancas, ligado a um ventilador. Instalaram-me no peito uma confusão de fios, fizeram-me picardias que nem sei descrever, medicaram-me e puseram-me a dormir.
Dias depois o INEM levou-me a outro hospital e instalaram-me um pace maker. Desde então sossegou-me o coração.
Acabei por regressar a casa e vim a tempo. Pois que, mal cá cheguei, foi só fechar a porta e resguardar-me, que andava aí à solta um vírus vindo de longe, a encher os hospitais, a dizimar milhões. Serenos só os meus gatos.
Ou o mundo enlouqueceu, ou a mãe-natureza entrou em roda livre, ou sou eu que já não tenho vida para tanto.