« (...) Mas afinal de que falamos quando falamos de Centum Celas? Antes de mais é um topónimo. Desconhece-se a sua origem, embora a tradição oral atribua esta designação às "cem celas" da prisão que aqui teria existido. Durante a Idade Média este local parece ter tido particular importância na consolidação da fronteira nacional, e em 1188 surge referido como Centum Celli em carta de foral de D. Sancho I.
Centum Celas é um Monumento Nacional, assim classificado desde 1927, e situa-se no local de Colmeal da Torre, junto a Belmonte. É precisamente a torre que ainda hoje mantém que mais caracteriza este local, deveras emblemático da região. (...)
A torre tem uma planta rectangular, quase quadrada, e atinge cerca de 12 metros de altura. Não conserva a cobertura, e assim as paredes terminam de forma desigual, fazendo lembrar as ameias e abertas de um castelo. (...)
Desconhecem-se os pormenores da funcionalidade desta torre ao longo dos tempos, mas é evidente que os panos de parede superiores serão posteriores aos da construção original, a qual se mantém, ao que tudo indica, nos dois pisos inferiores. (...)
A ideia deste local corresponder a uma villa é defendida desde 1988 por Jorge de Alarcão. Antes desta interpretação, outros estudiosos classificaram este lugar como tendo sido uma mansio, conforme defendeu o primeiro arqueólogo, Aurélio Ricardo Belo, que escavou no local entre 1958 e e 1960. Outros estudiosos defenderam ter-se tratado de uma atalaia e prisão, outros ainda de um acampamento militar, e a ideia de ter sido um santuário também não ficou excluída. (...)»