sábado, 31 de agosto de 2013
Mais uma vez
Há muito tempo já foi dito aqui mais dum milhão de vezes: O PPD é actor primeiro no palco da tragédia nacional, que não ocupa sozinho. E como não?!
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
A "eviternidade dos anjos"
Gastei quarenta e duas horas integrais, vezes sessenta minutos, vezes sessenta segundos do meu estimado Agosto em frente dum microfone, a gravar um calhamaço que um invisual utente pediu à Biblioteca Sonora. Estive mais que uma vez a pontos de claudicar, de chamar o 112, de recolher a um convento. Valeram-me os resquícios dum antigo espírito de missão que não sei para que me serve.
A primeira coisa que um qualquer cigano faz, para dominar um jumento, é garrotar-lhe o cachaço no laço duma corda, ou meter-lhe um cabresto no toutiço e sujeitá-lo a uma rédea. Ora isto foi o cabresto do nosso pensamento.
Em meados do séc. XVI crescia entre a humanidade pensante a recusa da medievalidade, alteravam-se as visões do mundo, lutava-se pelo conhecimento físico dele, germinavam anseios renascentistas, libertava-se o espírito de névoas teocêntricas, destronavam-se os deuses e conferia-se ao homem o lugar que era o seu. Mudava-se o pensamento e abriam-se os caminhos do racionalismo, da experiência, da luz, da razão e da objectividade.
- Eppur si muove! - regougava Galileo ao imenso poder do Vaticano.
Por cá não estava parada a tropa jesuíta. E bem andaria ela, essa elite da nossa universidade e do nosso pensamento, dedicando-se a inventar o chocolate, ou a transformar em gusa os minérios do ferro, se isso não fosse pedir demais e muito cedo. Mas era ao serviço do Vaticano que nesse tempo, e nos tempos seguintes, o melhor da inteligência portuguesa se gastava, roçando a pança pela metafísica, enquanto deglutia o miolo da pátria. A ruminar na escolástica e no silogismo antigo, a dilucidar premissas falsificadas, a esvair-se no nada do comentário e da especulação. Faz lembrar os tempos de hoje.
Para edificação geral ficam aqui uns highlights, (sobre os órgãos e funções e natureza dos sentidos), embrulhados com a inquietante pergunta: o que é que levará hoje um utente invisual a pedir à Sonora a gravação das seiscentas páginas dos Comentários do Colégio Jesuíta Conimbricense ao De Anima de Aristóteles?
Três funções são atribuídas pelos peripatéticos ao intelecto agente. A primeira é iluminar os fantasmas. A segunda, produzir o objecto inteligível em acto. A terceira, produzir no intelecto paciente as espécies inteligíveis. (...) Existe, portanto na alma intelectiva a faculdade activa de fazer nos fantasmas as coisas inteligíveis em acto. De facto esta afirmação não colhe. Com efeito, como argumentava Durando, aquilo que o intelecto imprime no fantasma, ou é algo espiritual ou corporal. Se é espiritual, certamente que não pode ser recebido, de passagem, no corpo ou no acidente corpóreo. Se é corporal, visto que, além disso, se mantém dentro dos limites materiais da natureza, como é que poderá comunicar ao fantasma a faculdade para produzir uma qualidade imaterial?
Nós, todavia, concedemos, em absoluto, a premissa maior. De facto, é comum a todo o conhecimento, tanto do intelecto, quanto do sentido, quer seja interno, quer seja externo, ser produzida através da assimilação e expressão da coisa conhecida. Portanto, deve ser negada a premissa menor, e em sua confirmação dizer que o pensamento de Aristóteles neste ponto é que o sentido externo é levado para o objecto, enquanto nele está contido segundo o conhecimento expresso, não como se esta coisa também não estivesse no segundo modo no sentido externo, mas porque o sentido requer, além disso, a presença externa da coisa, que cai sob o seu conhecimento, o que o intelecto não reclama.
Além disso, recomenda-se o mesmo, porque nos bens em que um dos quais não se contém o outro, considera-se mais eminente aquele cujo oposto é o pior, conforme ensina a regra tópica de Aristóteles (...). Ora o oposto do amor é o pior, e deve ser mais evitado do que o oposto do conhecimento, como é evidente no ódio a Deus, e na ignorância d'Ele. Por isso é muito mais detestável odiar a Deus do que ignorá-l'O.
A espécie, efectivamente, é causa eficiente embora não íntegra, mas parcial, da intelecção. Porque se a espécie e a intelecção fossem a mesma coisa, não poderia ser considerada pela potência divina, não só a espécie sem a intelecção, mas também a intelecção sem a espécie. Isto é evidentemente falso, porque, cessando o acto de inteligir, a espécie permanece, e, suprimida a espécie, Deus pode produzir com o intelecto o acto de inteligir, visto que toda a causalidade eficiente pode ser preenchida pela potência divina.
A primeira coisa que um qualquer cigano faz, para dominar um jumento, é garrotar-lhe o cachaço no laço duma corda, ou meter-lhe um cabresto no toutiço e sujeitá-lo a uma rédea. Ora isto foi o cabresto do nosso pensamento.
Em meados do séc. XVI crescia entre a humanidade pensante a recusa da medievalidade, alteravam-se as visões do mundo, lutava-se pelo conhecimento físico dele, germinavam anseios renascentistas, libertava-se o espírito de névoas teocêntricas, destronavam-se os deuses e conferia-se ao homem o lugar que era o seu. Mudava-se o pensamento e abriam-se os caminhos do racionalismo, da experiência, da luz, da razão e da objectividade.
- Eppur si muove! - regougava Galileo ao imenso poder do Vaticano.
Por cá não estava parada a tropa jesuíta. E bem andaria ela, essa elite da nossa universidade e do nosso pensamento, dedicando-se a inventar o chocolate, ou a transformar em gusa os minérios do ferro, se isso não fosse pedir demais e muito cedo. Mas era ao serviço do Vaticano que nesse tempo, e nos tempos seguintes, o melhor da inteligência portuguesa se gastava, roçando a pança pela metafísica, enquanto deglutia o miolo da pátria. A ruminar na escolástica e no silogismo antigo, a dilucidar premissas falsificadas, a esvair-se no nada do comentário e da especulação. Faz lembrar os tempos de hoje.
Para edificação geral ficam aqui uns highlights, (sobre os órgãos e funções e natureza dos sentidos), embrulhados com a inquietante pergunta: o que é que levará hoje um utente invisual a pedir à Sonora a gravação das seiscentas páginas dos Comentários do Colégio Jesuíta Conimbricense ao De Anima de Aristóteles?
Três funções são atribuídas pelos peripatéticos ao intelecto agente. A primeira é iluminar os fantasmas. A segunda, produzir o objecto inteligível em acto. A terceira, produzir no intelecto paciente as espécies inteligíveis. (...) Existe, portanto na alma intelectiva a faculdade activa de fazer nos fantasmas as coisas inteligíveis em acto. De facto esta afirmação não colhe. Com efeito, como argumentava Durando, aquilo que o intelecto imprime no fantasma, ou é algo espiritual ou corporal. Se é espiritual, certamente que não pode ser recebido, de passagem, no corpo ou no acidente corpóreo. Se é corporal, visto que, além disso, se mantém dentro dos limites materiais da natureza, como é que poderá comunicar ao fantasma a faculdade para produzir uma qualidade imaterial?
Nós, todavia, concedemos, em absoluto, a premissa maior. De facto, é comum a todo o conhecimento, tanto do intelecto, quanto do sentido, quer seja interno, quer seja externo, ser produzida através da assimilação e expressão da coisa conhecida. Portanto, deve ser negada a premissa menor, e em sua confirmação dizer que o pensamento de Aristóteles neste ponto é que o sentido externo é levado para o objecto, enquanto nele está contido segundo o conhecimento expresso, não como se esta coisa também não estivesse no segundo modo no sentido externo, mas porque o sentido requer, além disso, a presença externa da coisa, que cai sob o seu conhecimento, o que o intelecto não reclama.
Além disso, recomenda-se o mesmo, porque nos bens em que um dos quais não se contém o outro, considera-se mais eminente aquele cujo oposto é o pior, conforme ensina a regra tópica de Aristóteles (...). Ora o oposto do amor é o pior, e deve ser mais evitado do que o oposto do conhecimento, como é evidente no ódio a Deus, e na ignorância d'Ele. Por isso é muito mais detestável odiar a Deus do que ignorá-l'O.
A espécie, efectivamente, é causa eficiente embora não íntegra, mas parcial, da intelecção. Porque se a espécie e a intelecção fossem a mesma coisa, não poderia ser considerada pela potência divina, não só a espécie sem a intelecção, mas também a intelecção sem a espécie. Isto é evidentemente falso, porque, cessando o acto de inteligir, a espécie permanece, e, suprimida a espécie, Deus pode produzir com o intelecto o acto de inteligir, visto que toda a causalidade eficiente pode ser preenchida pela potência divina.
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Egipto?
"O Islão não se converterá ao nosso modelo." (Eduardo Lourenço).
"Já tentámos tudo. Tentámos o rei, não funcionou. Depois tentámos o socialismo com Nasser, e mesmo quando o socialismo estava no auge continuou a haver os paxás do exército e dos serviços secretos. A seguir tentámos o centro, depois o capitalismo. E não funciona. Agora bem podíamos tentar os Irmãos Muçulmanos, a ver se funciona. Seja como for, não temos nada a perder."
Na Primavera de 2013, o jornalista desejoso das confidências destes mesmos motoristas, ouviu uma outra versão da mesma história: "os Irmãos Muçulmanos também não funcionam". (Le Monde Diplomatique)
Podes ver ali um pouco mais.
"Já tentámos tudo. Tentámos o rei, não funcionou. Depois tentámos o socialismo com Nasser, e mesmo quando o socialismo estava no auge continuou a haver os paxás do exército e dos serviços secretos. A seguir tentámos o centro, depois o capitalismo. E não funciona. Agora bem podíamos tentar os Irmãos Muçulmanos, a ver se funciona. Seja como for, não temos nada a perder."
Na Primavera de 2013, o jornalista desejoso das confidências destes mesmos motoristas, ouviu uma outra versão da mesma história: "os Irmãos Muçulmanos também não funcionam". (Le Monde Diplomatique)
Podes ver ali um pouco mais.
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Fumo
Na gaiolita de fumo do centro comercial encontro uma boa dúzia de jovens mulheres, entregues ao seu prazer. Sou o único varão. E há-de ser fruto do barro de que todos somos feitos, se antes não for esta minha costela, de Narciso. O facto é que me sinto no papel de Adão, numa livre encenação do Paraíso.
Um bom guião para o acto seguinte era o resto do Génesis. Mas há muito que fazer.
Um bom guião para o acto seguinte era o resto do Génesis. Mas há muito que fazer.
Harakiri
O desgraçado do Passos ameaça trombetear a vitória no dia das eleições.
Será ao menos a noite do harakiri do Seguro?!
Ou vai ser antes a nossa?!
Será ao menos a noite do harakiri do Seguro?!
Ou vai ser antes a nossa?!
domingo, 18 de agosto de 2013
sábado, 17 de agosto de 2013
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
domingo, 11 de agosto de 2013
"Reflexões sobre o Crescimento, População, Poluição e Recursos Naturais"
Em boa hora decidiu Luís Queirós dar à estampa O Mundo em Transição. Trata-se dum vasto conjunto de textos breves, que se ocupam de assuntos da maior actualidade, para os quais a informação corrente nem sempre está desperta e disponível.
"São reflexões sobre a civilização humana e o seu futuro. Podem ser um alerta para essa armadilha que é o crescimento exponencial, e para uma outra: a crescente complexidade tecnológica. E também um aviso sobre a escassez de recursos e os riscos das alterações climáticas." (da Introdução).
"(...) Significa isto que a população mundial, nos últimos dez anos, aumentou mil milhões de pessoas, tanto quanto tinha aumentado desde o aparecimento do homem até ao ano de 1800. Em apenas dez anos, a população cresceu tanto como tinha crescido em milhões de anos!" (pág.76)
É particularmente útil e oportuno dispor desta compilação, que aborda questões como os limites do crescimento, a sustentabilidade, a população, os recursos naturais, a energia, a globalização, a tecnologia, a Internet, a história, a economia, a ecologia, a geo-política, a sociologia... e os recentes ensaios da Transição.
O discurso leve, claro, transparente e descomprometido, facilita uma leitura que, se já era proveitosa, passa a ser obrigatória.
sábado, 10 de agosto de 2013
Hoje pode afirmar-se
Já foi dito aqui, várias vezes e desde há muito tempo, que 'o PPD é actor primeiro no palco da tragédia nacional, que não ocupa sozinho'.
Hoje pode afirmar-se, sem margem para qualquer dúvida, que as elites do PPD e das direitas não são mais que um bando de corruptos e de escroques. Lá pelo meio sobrevivem uns lacaios de serviço, e outros tantos idiotas úteis.
Hoje pode afirmar-se, sem margem para qualquer dúvida, que as elites do PPD e das direitas não são mais que um bando de corruptos e de escroques. Lá pelo meio sobrevivem uns lacaios de serviço, e outros tantos idiotas úteis.
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Boa pedra
Embora
perfeitamente adequadas para apedrejar as matilhas da finança, as pedras
parecem todas iguais mas não o são. Na alma, na cor e na textura. Com estas se desenham
esculturas e lápides, daquelas se talham boas cantarias, aqueloutras mastigam-nas as
máquinas para britas e gravilhas.
E foi à
procura das pedras convenientes que estes homens vieram de Penafiel, uma lonjura onde fica a sede destas artes, para abrir uma pedreira aqui na serrania. Castaínço e Chozendo ficam longe, cá de cima avista-se Riodades e outros lugares igualmente visigodos.
Passam a semana aqui, a desmontar rochedos nuns telheiros de folha, cobertos do pó da pedra, prisioneiros do grasnido raivoso dos picões pneumáticos. Sexta à tarde vão a casa, à segunda de manhã já estão aqui. E dentro duma semana chegam umas férias pequenas.
Passam a semana aqui, a desmontar rochedos nuns telheiros de folha, cobertos do pó da pedra, prisioneiros do grasnido raivoso dos picões pneumáticos. Sexta à tarde vão a casa, à segunda de manhã já estão aqui. E dentro duma semana chegam umas férias pequenas.
Há uns anos
não tinham mãos a medir, por isso se aventuraram a tão longe, à procura da
pedra conveniente. Mas agora a construção parou, as rotundas já estão feitas, e às obras
públicas faltou o essencial. Dentro duma semana chegam umas férias pequenas, e
o patrão talvez tenha que fechar.
Pelo sim,
pelo não, encomendo umas carradas de rachão, para levantar uns muros. Algum
sinal um homem deixará na paisagem, depois da vida que lhe tocou viver. Tanto
melhor se for de boa pedra.
A teia
A série infindável de peripécias que envolve esta seita de marginais, (com a Marilú Swaps, o Pais Jorge, o Citygroup, a velha Ferreira Leite e toda a vasta comitiva de banqueiros, escroques e homens de mão) começa a lançar luz sobre o antigo enigma: que razões levaram a que Sócrates tivesse sido o primeiro-ministro mais marcado, e odiado, e injuriado, e caluniado, e perseguido, e destruído pelas elites dirigentes, desde o marquês de Pombal?! Nem o falso asceta de Santa Comba Dão?!
Manter o patoléu na ancestral bovinidade ruminante, nascida duma vida precária desde há séculos, é há muito o objectivo. E não se escolhem armas para o alcançar!
Manter o patoléu na ancestral bovinidade ruminante, nascida duma vida precária desde há séculos, é há muito o objectivo. E não se escolhem armas para o alcançar!
terça-feira, 6 de agosto de 2013
domingo, 4 de agosto de 2013
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