Logo me deixei tentar, quando há anos me falaram pela primeira vez dum miradouro virtual. Tal como os irmãos reais, aparece em sítios altos. A torre dum castelo medieval é um bom lugar. Vai-se lá, mete-se-lhe no bucho uma moeda, e ganha-se o direito de admirar o panorama. Não propriamente o que a paisagem mostra, que é gratuito, mas o que alguém meteu nas entranhas do bicho.
Havia um, no castelo de Pinhel, e eu fui lá ver. Pelo-me por guerras contra sarracenos, a história mostra, a antiga e a recente, que são mais empolgantes do que os idílios da ribeira das Cabras.
Lá estava o castelo, restaurado, e nele o miradouro fora de serviço. Não havia sarracenos para ninguém. E eu fiquei-me pelas encostas da ribeira das Cabras, antes de me pôr ao fresco.
A segunda vez que me falaram dum miradouro virtual, também não resisti. Nunca se sabe! E eu, já fatigado do país real, meti os pés ao caminho. A experiência deu-me nisto.
Desta vez é no Fundão, que arriscou um salto em frente. Já não é um miradouro virtual, é um simulador de voo, ao serviço dos turistas. A empresa municipal Fundão-Turismo anda à procura de verbas para o instalar até ao fim do ano. E sempre pode acontecer que um FMI qualquer se disponha a pagá-lo.
Depois disso, qualquer um pode viver a experiência de um voo sobre o concelho, sem sustos de paraquedas. Tudo se passará no salão nobre do palácio do Picadeiro em Alpedrinha.
Logo que o aparato esteja pronto, lá estarei. Pode bem ser que o voo do simulador passe para lá da fronteira de Segura e não regresse.