quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Chopin

Polonaise, Shiskhin.

Malaposta

O Ladrar à Lua faz aqui uma pausa (que se prevê longa), para refrigério de alimárias. Até futuro aviso. 
Lixe-se o mundo ou não, o postilhão não muda.

Cantos de cego

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Feitas as rotundas (às vezes alindadas!), muitos autarcas voltaram-se para a cultura. Aqui no município foi ideia positiva, no último fim de semana; fecundo noutros gestos, nunca acontecera nada no campo cultural. Mas adiante!
O último serão foi animado pela dupla de Ariel Ninas (galego) e César Prata (português) de Vila Nova de Cerveira. Presentearam o auditório com um reportório variado de Cantos de Cego, de aquém e além-Minho.
Eu tinha imagens distantes de cantigas de cordel, sempre uma mulher e um homem, cada um com uma função. Penduravam num barbante os folhetos que vendiam, com as histórias impressas, crimes, tragédias, desgraças, ou novidades distantes. 
Foi positivo recordar esse passado com estas novas figuras, em que o contributo galego foi bem mais rico e genuíno.

Almofala (Figueira de Castelo Rodrigo)

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(...) «O facto de que apenas se mantém de pé esta torre, numa área onde hoje não existe qualquer outra edificação, justifica-se pelo facto de ela ter sido aproveitada sucessivamente, tendo, entre o séc. XVI e o séc. XVII, servido como torre de vigia. O facto mais importante é que esta torre, apesar das alterações que sofreu posteriormente, é uma edificação romana.
Hoje, a torre ergue-se isolada, dominando a paisagem. Localizada no alto duma elevação de perfil suave, oferece um perfil estranho, com o seu interior esventrado e mantendo apenas duas paredes mais completas. Mas é quando nos aproximamos que percebemos que a escala é surpreendente, e que, de facto, o que temos à nossa frente não pode ser uma qualquer torre medieval. 
De facto, a base sobre a qual as paredes se elevam tem uma altura de 2,65 m e é integralmente construída em silharia de granito. (...)
A descoberta de uma inscrição gravada numa pequena ara forneceu a informação pela qual tantos arqueólogos buscam em qualquer escavação, especialmente de época romana: o nome duma divindade e a designação da cidade que teria oferecido o monumento. A inscrição é muito simples e a pequena ara, isto é, o pequeno altar em que ela se encontra gravada também o é! Um altar de culto onde seria prestada veneração à divindade, tendo para o efeito, na sua parte superior, um pequeno foculus uma concavidade, onde seriam colocados os líquidos necessários à cerimónias religiosas. Essa inscriçao refere-nos:
IOVI.OPTIMO / MAXVMO / CIVITAS / COBELCORUM "A Júpiter Óptimo Máximo, a cidade dos Cobelcos". (...)
Clara é a afirmação de que este local era uma civitas, o que equivale a afirmar que esta povoação dominaria e administraria um vasto território. A sua região seria naturalmente limitada a Norte pelo rio Douro, a Nascente pelo rio Águeda e a Poente pelo rio Côa. A Sul seria a serra da Marofa a estabelecer a limitação geográfica do territorium
[clicar]
(...) «Andemos um pouco mais e desloquemo-nos à ermida de Santo André na povoação de Almofala. O que nos chama a atenção são as duas esculturas de berrões, ou verrões, que ladeiam o portão de acesso à ermida.(...)
A imponência destas duas esculturas contrasta com a singeleza da portada de madeira de duas folhas, que abre caminho a uma igualmente singela vereda que acede à pequena ermida. (...) Quem se afastar um pouco mais da ermida e das ruínas que ainda se vêem no local, depara com um magnífico miradouro natural que se debruça sobre uma garganta escarpada profunda, sobranceira ao rio Águeda. (...) Destacam-se os abutres localmente denominados por butardos, com dezenas de casais distribuídos pelos afloramentos rochosos. (...) Outras espécies características deste vale são o abutre do Egipto, localmente conhecido por Britango, a Águia-real e a Cegonha preta. Pode observar-se ocasionalmente o Abutre-negro. (...)»

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Outra vez!

São relapsas, contumazes e impunes, certas bestiagas!

Lusitânia

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« (...) Uma outra inscrição, também beirã, encontrada no Cabeço das Fráguas (Guarda), pode igualmente ser considerada lusitana.

OILAM TREBOPALA INDI PORCOM LABBO COMAIAM ICONNA LOIMINNA OILAM USSEAM TREBARUNE INDI TAUROM IFADEN... REVE TRE...

«(Damos-te) esta ovelha, ó Trebopala, e (damos-te) este porco, ó Labbo! (Damos-te) esta comaia, ó Ioconna Loimina! (Damos-te) esta ovelha ussea, ó Trebarune, e (damos-te) este touro consagrado, ó Reve Tre[...]»

Esta inscrição constitui um dos mais importantes testemunhos da cultura pré-romana em território nacional. Este papel emblemático é-lhe conferido por vários aspectos. Antes de mais, pelo facto de se encontrar in situ, isto é, permanecer no seu local de origem, e, como no caso de Cabeço das Fráguas, acima mencionado, poder hoje ser vista e admirada, tal como contemplada pode ser a envolvente magnífica que se aprecia deste penedo, provavelmente muito semlhante à que, há milhares de anos, seria possível ver. A envolvente ampla e as cordilheiras que a rodeiam, como a Serra da Gardunha, a da Malcata e a da Serra da Estrela, constituem marcos determinantes da paisagem, decerto fundamentais e decisivos para a escolha do local onde esta inscrição foi gravada.
Com efeito, tudo indica que nos encontramos perante um santuário ao ar livre. Um local com uma carga simbólica e religiosa que motivou a gravação do penedo, o que igualmente se justificou pela particular situação geográfica do sítio.
Apesar deste local ser conhecido anteriormente, foi apenas com a intervenção do Instituto Arqueológico Alemão que se deu início a escavações na envolvente do local. Com esses trabalhos, que decorreram entre 2006 e 2009, foi possível confirmar a ocupação do sítio desde a Idade do Bronze, prolongando-se pela Idade do Ferro, o que corrobora a interpretação deste sítio corresponder a um santuário, de origens ancestrais, que ali terá permanecido após a invasão romana. Temos, deste modo, uma longa perduração na ocupação registada desde o séc. VIII a. C. até à ocupação romana.
Situações como esta são vulgares em todo o Império Romano, apanágio da sua administração que, desde cedo, percebeu que a assimilação dos novos deuses latinos apenas se poderia processar de forma lenta e sem que os antigos cultos fossem apagados do reportório religioso tradicional. Os deuses permaneciam, actualizando-se por vezes com novos atributos, ou assimilando outros das novas divindades latinas. Uma nova roupagem para antigos deuses, ou novos deuses para devoções antigas.
Mas a inscrição do Cabeço das Fráguas é inédita também por ser a única em língua pré-romana, que menciona um "suovetaurilia", isto é, uma cerimónia de sacrifício de três animais domésticos tradicionais: um porco, uma ovelha e um touro. Este tipo de ritual, que terá antes de mais um carácter apotropaico, com vista à protecção de um grupo, tribo ou clã que executa os sacrifícios, reveste-se igualmente de outras cerimónias que envolvem a população, e que se traduzem na lustratio ou lustrum, que significa andar à volta em redor de algo, um cerimonial que envolve uma espécie de catarse, de afastamento de demónios e de purificação dos participantes, a que toda a população se associa.
Esta cerimónia é profundamente pagã, e igualmente profundamente latina. O sacrifício de animais em Roma e a lustratio eram práticas comuns, e, a cada cinco anos, os censores executavam-nas como forma de purificar a cidade de Roma e de "refundar" a moral do +povo. (...)
[Viagem ao Passado Romano na Lusitânia, Lídia Fernandes, pág. 43/44).

terça-feira, 27 de setembro de 2016

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Harmonias

Viajo. Não viajo, percorro estradas e caminhos que o dia-a-dia me impõe, seja em ambiente urbano ou rural. Por todo o lado constato que 80% dos carros com que me cruzo são Mercedes reluzentes, BMW's com 300 cavalos e Audi's carregados de argolinhas, que os seus donos levariam para a cama se eles subissem escadas. Em ambientes rurais nota-se mais.
Mas alguns aparecem pilotados por mulheres. E não resisto à cínica suspeita de que se trata de prendas dos maridos, para lhes calarem a boca. As donas dormem com os carros, e dispensam-nos a eles da função. Eles folgam e alcançam elas prazeres não frequentados.
E assim se mantém a harmonia deste mundo!

Conde de Lippe

«O Exército permanente Português foi submetido, no curto prazo de meio século, a duas
ponderosas influências estrangeiras que o marcaram para sempre - na sua estrutura
visível, mas também nos seus costumes, e no seu inconsciente colectivo. Sobre a
segunda, do general William Beresford e dos cerca de 400 oficiais britânicos que o
acompanharam de 1809 a 1820 no enquadramento e actividade operacional desde a II
Invasão Francesa até ao fim da Guerra Peninsular, já tive ocasião de apresentar um
trabalho ao 35o Congresso Internacional de História Militar[1]. Parece-me no entanto que
a intervenção, menos de cinquenta anos antes, do Conde reinante de Schaumburg-Lippe
e do reduzido número de oficiais que o acompanhavam, foi muito mais condicionante da
futura evolução do nosso Exército, atendendo sobretudo à vincada e inovadora
personalidade deste general alemão. (...)

Uma dificuldade básica que Lippe vai ter de enfrentar em Portugal é exactamente a
indisciplina e falta de instrução militar, e mesmo básica, do corpo de oficiais - os seus
esforços serão assim no sentido não só de reorganizar e equipar o exército português
para o tornar eficiente, mas sobretudo de formar e instruir os seus quadros. A
experiência que nessa tarefa adquirirá, ir-se-á reflectir na academia militar que de
regresso à pátria irá fundar na fortaleza de Willhelmstein, na ilha do mesmo nome do
Steinhude Meer, e de que Scharnhorst será o mais brilhante aluno. A preparação dos
quadros será exactamente um dos temas a abordar na II parte deste trabalho; a I destina-
se entretanto a identificar e caracterizar os seus. (...)»
In Revista Militar 2508, Mestre António Pedro da Costa Mesquita Brito

Nos últimos anos, os futricas que nos têm governado, particularmente um ministro do sipaio Passos, um tal Aguiar Branco, têm-se dedicado a demolir a tropa, com grande sucesso. Quando voltar a ser precisa, chamam o conde de Lippe.
Mas a virgem da azinheira não nos vai desamparar!

Fui colher uma romã

Estava madura no ramo (5 minutos).

domingo, 25 de setembro de 2016

Teorias e análises de especialistas... p'ra quê?!

Sarcástico e corrosivo quanto baste, o mundo de Fellini é sempre uma fascinação hilariante e surpreendente. E a Roma dele ainda mais. Só é descritível por ele próprio!
Enquanto viveu (1920 - 1993) e produziu, até os cobóis americanos pareciam civilizados e viviam caladinhos. Os calvinistas do Norte, esses então... tinham vergonha de mostrar o que ainda são.
A ver urgentemente, onde quer que ainda se encontre!

Realizado em 1972. Tempo narrado imediatamente antes do desembarque aliado na Itália.
[Irresistível esta passagem de modelos no Vaticano. Vídeo algo deficiente, em luz e som] [Melhor aqui]

Elitismo do bom

Do saudável! Do salvífico! Desse mesmo!

O que é que tu esperavas da guerra cultural movida pela América contra a cultura europeia?

A hecatombe, que entre nós está à vista, é o resultado disso!  

As "mulheres socialistas". Elas, sempre!

O ex-preso 44 voltou finalmente à rua. E lá vai, porque piano, piano, se va lontano!

sábado, 24 de setembro de 2016

Pela orvalhada

Reguei as plantas e apanhei as avelanas, da única árvore senior que na horta restou da dona antiga. Estão maduras e caem, ao sabor da Natureza.
Logo me fui lembrar do tempo antigo, e duma bela bailia do Airas Nunes!

Bailemos nós já todas três, ai amigas
sô aquestas avelaneiras frolidas
e quem for velida como nós, velidas
se amigo amar,
sô aquestas avelaneiras frolidas
verrá bailar

Bailemos nós já todas três. ai irmanas
sô aqueste ramo destas avelanas,
e quem for louçana como nós, louçanas
se amigo amar,
zô aqueste ramo destas avelanas
verrá bailar

Por Deus, ai amigas, mentr'al non fazemos
sô aqueste ramo frolido bailemos,
e quem bem parecer, como nós parecemos
se amigo amar,
sô aqueste ramo sol que nós bailemos,
verrá bailar.

Barcarolle

Chopin, Rina Sudo.

Lusitania

A autora desta Viagem à Lusitânia é licenciada em História pela Universidade de Coimbra.
Posteriormente tirou o Curso de Especialização "Arquitectura e Urbanismo Romanos" da Lusíada, e a pós-graduação em Arqueologia na Autónoma de Lisboa. É mestre em História de Arte pela Univ. Nova de Lisboa.
Eu não sei exactamente onde é que o busílis se situa. Sei apenas, enquanto leitor, que o resultado é polémico. Não por ser historicamente menos verdadeiro (quem serei eu para o julgar?), mas porque o discurso é genericamente prolixo, fugidio, sinuoso, sentimental, delicodoce, quase mais pessoal do que científico. Desadequado e medíocre, em resumo!
Tomemos como exemplo este início do cap. II, "As torres perdidas":
«A cadela Cobelca
Um dia conheci uma cadela chamada Cobelca. Não era particularmente bonita, não era particularmente inteligente, não era particularmente divertida ou alegre; era, simplesmente, uma cadela feliz.
Houve tempos em que corria pelos campos, acompanhava os donos e dava pelo seu nome tão naturalmente como nós damos pelo nosso. Quem gritasse Cobelca veria de imediato a Cobelca olhar e correr para si. Tinha um dono e uma dona. Como nem um nem outro permanecem hoje entre nós, lembro-os pelo nome que ambos decidiram dar à sua amada Cobelca que por sua vez também já partiu. Aos três desejo-lhes que a terra lhes seja leve, recorrendo ao tradicional epitáfio romano: H.S.E.S.T.T.L. Hic Situs Est Sit Tibi Terra Levis. (...) 
Os Cobelcos seriam, assim, um dos povos que terá contribuído para a construção daquela ponte [Valência de Alcântara] e, como tal, a sua localização situar-se-á não muito longe dessa região. (...)»
O leitor que se aguente nas canetas, que remédio! Não obstante há lá dentro conteúdos abundantes, desconhecidos e muito interessantes!

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

É isso aí, pois claro!!!

O Subir Lall que vá à bardamerda!

Cristovam Pavia

Subitamente ficas na paisagem
E olho os teus olhos quentes e antigos...
Tens sol e sede, tens brincos de cerejas
E a pele cheirosa e fresca como a água.

Subitamente sinto aquela sede
Dos sobreiros gretados, das estevas...
Mas perto, fonte ardente, dás frescura
À paisagem dormente e abrasada!

[Cristovam Pavia, Poesia, ed. D. Quixote, Lisboa 2010]

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Canção sefardita

Io me enamoré de un aire! 

Madrugada

Já me andava a perguntar o que seria feito da Cassiopeia, essa galdéria. Há muito que lhe não punha a vista em cima!
Hoje lá veio, dos lados de Castela: sonolenta, mal dormida, perdida na claridade dum luarzito minguante.
Talvez traga notícias dessa Europa calvinista, de Berlim, dos pesadelos da Merkel, e das ruas da amargura em que ela anda!

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O saloio de Mação

Com todos os processos mediáticos do mundo em cima da secretária, o saloio de Mação já atingira há muito os limiares de Peter. Mas desta vez deu um passo em frente e passou-se dos carretos, numa entrevista qualquer.
Um instinto muito antigo diz-lhe que anda entregue aos bichos! Mas a consciència clara disso ainda não veio.

domingo, 18 de setembro de 2016

O Paciente Inglês

Direcção de Anthony Minghella. Vencedor em 1997 de nove Óscares da Academia, incluindo melhor filme, melhor realizador, melhor actriz secundária, a história passa-se durante a 2ª guerra mundial, no norte de Africa e na Sicília, após o desembarque dos Aliados na ilha.
Um filme que é uma fascinação, dum enredo narrativo e uma beleza plástica inebriantes. Desempenhos notáveis de Raph Fienes, Juliette Binoche, Willem Dafoe...

A vida usa-nos. Consome-nos o tempo e vai-nos esfacelando. Só os deuses se temeriam de nós, se não fossem morrendo, uns atrás dos outros.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Andar à nora

Durante séculos (ehna tantos!), as ditas elites indígenas (políticos, magistrados, jornalistas e gentes do poder) habituaram-se a cavalgar o povo e a fincar-lhe as esporas. Até lhes aparecer pela frente um tipo que lhes fez no focinho um pirete das Caldas.
Eles foderam-se, claro, e ainda andam à nora, à espera duma saída. A contar com a distracção das vítimas, e de alguns débeis mentais!

O estranho caso do bebé retirado da incubadora!

Reincido novamente. Porque a desfaçatez da boa América ultrapassa o limite noutro momento!
« (...) O adaptável Bush [pai] deu voltas à analogia estafada na sua cabeça, comparando repetidamente Saddam a Hitler. Preocupado com a possibilidade de a Arábia Saudita arranjar uma solução alternativa para a crise [do Kuwait], anunciou rapidamente o envio de tropas norte-americanas para o Golfo Pérsico. Entretanto, membros do governo do Kuwait decidiram contratar a maior empresa de relações públicas do mundo, a Hill & Knowlton, para orquestrar o maior esforço, financiado por estrangeiros, para manipular a opinião pública norte-americana.
E Outubro de 1990, numa convenção política organizada pela Hill & Knowlton, uma menina kuwaitiana de 15 anos testemunhou que era voluntária num hospital kuwaitiano quando as tropas iraquianas irromperam pelo edifício. Ela exclamou, lavada em lágrimas: " Tiraram os bebés das incubadoras. Levaram as incubadoras e deixaram os bebés morrer no chão frio."
Foi um desempenho magistral. Bush citou a história repetidas vezes ao argumentar em defesa da guerra. "Dá-nos a volta ao estômago - disse ele - ouvir a história daqueles que escaparam à brutalidade do invasor Saddam. Enforcamentos em massa, bebés retirados de incubadoras e espalhados como lenha pelo chão".
Mais tarde descobriu-se que a jovem testemunha nunca estivera no hospital, mas era, na verdade, a filha do embaixador do Kuwait nos Estados Unidos e membro da família governante. Quando a fraude foi exposta, o bombardeamento norte-americano de Bagdad já tinha começado. (...)»

Viagem

O Porto mantém-se igual a si próprio, inglês, cinzento, imprevisível. Deu-me dois banhos dos tolos, muito agitado pela movida dos nórdicos de mochila, que vieram ver o Sol por trinta euros.
Revejo o bairro e a velha casa onde durmo, como um justo. E emociona-me senti-la outra vez por dentro.
Não vou, não quero, não posso permitir-me isso. Não tenho tempo. Nem o guardador destes rebanhos o entenderia!


XXXV
O luar através dos altos ramos, 
Dizem os poetas todos que ele é mais
Que o luar através dos altos ramos.

Mas para mim, que não sei o que penso,
O que o luar através dos altos ramos
É, além de ser 
O luar através dos altos ramos,
É não ser mais
Que o luar através dos altos ramos.

[Poemas de Alberto Caeiro, Ed. Ática]

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Questão de tempo

Às vezes, se tempo houver, ponho o filme no leitor e vejo o tempo a passar. Saudável e fascinante, está lá tudo! 
É apenas uma questão de tempo.

A bomba da "boa América"!

" (...) Tóquio era uma concentração milenar de bambu e madeira. Chamavam-lhe a cidade de papel. Os B-29 destruíram 25 quilómetros quadrados de território, matando mais de 80 mil civis e deixando aproximadamente um milhão de pessoas sem abrigo. O inferno escaldante fez os canais ferverem, os metais derreterem e as pessoas explodirem expontaneamente em chamas. O fedor da carne queimada foi tão forte que os membros das equipas vomitaram nos seus aviões. O raide de Tóquio ficaria conhecido como a obra-prima de LeMay. (...)"

" (...) Quando Truman e Byrnes, agora secretário de estado, se reuniram com Estaline e Churchill para a mais importante conferência da Segunda Guerra Mundial, em Postdam, um subúrbio de Berlim, aguardavam notícias sobre o teste atómico secreto no deserto de Alamogordo.
Truman adiara por duas semanas o início da cimeira, para meados de Julho, e esperava que a bomba fosse testada antes do início das negociações com Estaline. No deserto, Robert Oppenheimer contou: "Estávamos sob uma pressão incrível para fazermos os testes antes da reunião de Potsdam." Na perspectiva de Truman, valeu a pena a espera. (...) todas as expectativas foram superadas. Alguns cientistas até temeram ter incendiado a atmosfera. (...)"

A 6 de Agosto de 1945, o presidente Truman dirigiu-se à nação: "Há pouco tempo, um avião norte-americano lançou uma bomba sobre Hiroshima e destruiu a sua utilidade para o inimigo. (...) Os japonesees iniciaram a guerra aérea sobre Pearl Harbour. Pagámos-lhes com juros. E o final ainda não está à vista. (...) É uma bomba atómica. Vamos destruir-lhes as docas, as fábricas e as comunicações. Não haja dúvidas quanto a isso - vamos destruir completamente a capacidade do Japão para a guerra" (...)

" (...) O general-brigadeito Leslie Grooves também admitiu que, na sua ideia, a Rússia fora sempre o inimigo. "A partir de duas semanas de ter admitido a direcção deste projecto [Alamogordo], deixei de ter ilusões de que o verdadeiro inimigo era a Rússia, e o projecto foi conduzido com essa premissa de base. (...)"

" (...) Para o povo, o imperador era uma figura sagrada e o centro da sua religião xintoísta. Vê-lo enforcado como Mussolini na Itália, ou humilhado num tribunal de guerra, era mais do que eles aguentariam. O comando de MacArthur relatou: Para eles, enforcar o imperador correspondia, para nós, a crucificar Cristo. Todos lutariam até à morte como formigas. (...)"

" (...) Seis dos oficiais de cinco estrelas dos EUA, que receberam a sua última estrela na 2ª Guerra Mundial - os gen. MacArthur, Eisenhower, Arnold e os almirantes Leahy, King e Nimitz - declararam que a bomba era moralmente repreensível e militarmente desnecessária, ou ambas. (...)"

" (...) A oposição ao lançamento da bomba era suficientemente conhecida, para Grooves ter de obrigar todos os comandantes norte-americanos no terreno a fazer passar todas as suas declarações sobre a bomba pelo Departamento de Guerra. "Não queríamos que MacArthur e os outros dissessem que a guerra podia ter sido ganha sem a bomba", admitiu mais tarde. (...)"

" (...) O avião, agora a quase 15 kms de distância, sofreu com a violência da onda de choque. A bola de fogo expandiu-se, envolvendo o centro denso e populoso da cidade, com o seu calor e uma explosão intensos a destruírem os edifícios e a queimarem todos os escombros. A bomba destruiu por completo uma circunferência com um raio de 1,2 quilómetros. Uma hora e meia mais tarde, a quase 650 kms de distância, a tripulação pode olhar para  trás e ver ainda a nuvem em forma de cogumelo a erguer-se a 12 kms de altura ou mais.
No hipocentro, onde as temperaturas alcançaram praticamente os três mil graus, a bola de fogo "assou" as pessoas até se transformarem em "rolos de carvão negro e fumegante numa fracção de segundo, enquanto os seus órgãos internos se desfizeram". Dezenas de milhares de pessoas foram mortas instantaneamente. Estima-se que 140 mil morreram até ao final do ano e 200 mil tinham morrido em 1950.
Os EUA relataram a morte de apenas 3243 tropas japonesas. Entre as baixas contavam-se 23 prisioneiros de guerra norte-americanos, alguns dos quais sobreviveram à explosão para depois serem espancados até à morte pelos sobreviventes da bomba.
Quando recebeu a notícia de que a bomba explodira em Hiroshima, Truman, a bordo do Augusta, afirmou: "Isto é a coisa mais fantástica da História. (...)." 
Nessa manhã de 9 de Agosto, os EUA lançaram a sua segunda bomba - uma bomba de plutónio implosivo, baptizada de "Fat Man" - sobre a cidade de Nagasaki. Ironicamente, a bomba explodiu sobre a maior catedral católica  na Ásia, com uma força de 22 quilotoneladas; 40 mil pessoas morreram de imediato. Destas, 250 eram soldados. (...)".

A bomba da boa América foi um crime de guerra clamoroso, com responsáveis perfeitamente identificados. Ficou impune até hoje.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

"O Horror! O Horror!"***

- Uma barcaça de fuzileiros sobe um remoto rio, e a guarnição acaba destroçada;
- Um tenente US (Martin Sheen), leva até ao fim uma missão impossível e no fim recusa a "divindade"; 
- Um coronel US (Marlon Brando) que um dia já foi herói. Mas não aguentou o peso das "medalhas da pátria" e acabou a recusá-las. Talvez o desejasse, um dia é imolado pelo tenente.
Exacto e rigoroso até aos limites, o filme não passa disto. Que é o bastante para o transformar na hecatombe mais actual do Armagedão dos livros antigos. Cabemos todos lá dentro, e mais que nunca nos tempos que correm.
A única voz lúcida que se faz ouvir pertence sem surpresa a uma mulher. Francesa. Duma família que há três gerações chegou da França, trouxe para aqui a borracha do Brasil e instalou-se no "nada" do Camboja. A família está em desagregação e não durará muito.
Argumentou e realizou Francis Ford Copolla. 
A ver urgentemente na versão Redux, com mais 45 minutos que a versão já conhecida! Em casa, na rua, onde o houver!
*** As duas últimas palavras do coronel Kurz.

O da Joana!

Baseado nos ensinamentos teóricos do Livro Vermelho, e nos práticos da Revolução Cultural do Grande Timoneiro, o Barroso pôs-se a imaginar que Bruxelas é o da Joana
Enganou-se. Embora o seja muitas vezes, e o pareça sempre, ainda não é bem assim!

domingo, 11 de setembro de 2016

Adenda

Oliver Stone e Peter Kuznick andam lá perto. Mas não afirmam expressamente nada sobre o 9/11. Compreende-se porquê. Fazê-lo equivaleria a uma declaração de guerra com a boa América, que eles não estão em condições de ganhar. Preservam-se e fazem bem, para proveito nosso.
Mas é uma ingenuidade infantil considerar, ou sequer admitir, que a queda das TT se deveu à acção dum bin Laden qualquer. Ou duns jovens muçulmanos que tomavam lições de pilotagem numas escolas do Texas, onde não manifestaram qualquer interesse em aprender a aterrar. As TT caíram porque foram implodidas pela boa América. Mas vamos lá por partes:
1 - A estrutura de cada uma das torres permitia-lhes resistir a um cataclismo severo. E muito mais ao embate directo dum avião comercial;
2 - O aço em que se apoiavam só funde a três mil graus. E foram encontrados nos destroços claríssimos sinais de aço fundido. Tal fusão não podia resultar do querosene em combustão. Porque esse, por mais que fosse, nunca chegaria aos três mil graus. Nem perto;
3 - Só a termite produz tais temperaturas, a termite que foi usada na preparação da implosão.
4 - O edifício 7, nas proximidades das torres, caiu como se tivesse sido implodido. E foi-o e caiu. Mas nenhum avião embateu nele;
5 - O Pentágono foi apresentado como tendo sido alvo do embate duma aeronave. Mas a fachada não mostra mais que um buraco redondo. Ora a parte mais resistente dum avião comercial são os motores, e as ligas de que são feitos. Não há deles nenhum sinal na fachada. E o que foi apresentado nas televisões foram imagens fugazes, claramente pré-fabricadas;
6 - O avião que caiu na Pensilvânia, alegadamente tomado por passageiros que resistiram aos bin Laden's, apenas deixou no solo uma escavação, que um catrapilo qualquer faz no solo. Não há destroços de aeronave, assentos, pedaços de estrutura, turbinas, nada!
7 - A lei americana impõe, logicamente, que os destroços dum acidente só podem ser removidos depois de "libertados" pelas instâncias responsáveis pela investigação. Não foi assim neste caso de tamanha emergência: a remoção dos destroços do ground-zero começou pouco depois, e o transporte para as fundições do Extremo-Oriente foi questão de poucos dias;
8 - Os poderes do presidente (Bush-filho) foram muito ampliados, através do Patriot Act, aprovado à sombra do "combate ao terror". Concretamente o poder de declarar a guerra, à revelia do Congresso ou de outros órgãos da soberania;  
9 - O relatório oficial sobre o acontecimento provocou celeumas várias. Foram desqualificadas e desprezadas, acusadas de anti-patriotismo;
10 - A carta a Garcia estava entregue pela boa América! A opinião pública americana domesticada! E a segunda invasão do Iraque a caminho de Bagdad! 
Foi exactamente para isso que Bush "ganhou" as eleições de 2000 a Al Gore, tendo-as perdido nas urnas!

sábado, 10 de setembro de 2016

Protecção da Natureza?!

O que será ele isso? - dizem alguns sapiens que não querem saber ler.

O pianista

Um resumo do Polanski do muito que se passou em Varsóvia, desde a invasão nazi em 39. 
esta cena final, já no estertor nazi, com o exército vermelho à vista, sintetiza tudo.
Nenhum poder é bastante para aniquilar a dignidade dum povo que a possua. Nenhum terror pode mais que o amor e a compaixão.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Nocturno

Chopin, Shishkin.

Oliver Stone

O surpreendente volume da informação contida neste cartapácio não se imagina, nem é condensável aqui. Ainda bem que foi escrito. Há só que lê-lo!
"Stone é o aclamado realizador de filmes célebres como Platoon, Wall Street, Nascido a 4 de Julho, JFK, Assassinos Natos, World Trade Center, entre muitos outros. Venceu três Óscares, dos quais dois de Melhor Realizador. Combateu na guerra do Vietnam, tendo sido condecorado por bravura". 
E a questão que a obra levanta é particularmente sensível, perante a perspectiva aberta com as próximas presidenciais americanas. 
«As eleições presidenciais de 2000, que opuseram George Bush a Al Gore, confrontaram o povo norte-americano com uma escolha inevitável entre duas visões diferentes de futuro. Poucos recordam que exactamente cem anos antes o povo norte-americano tinha sido chamado a fazer uma escolha semelhante. Pediu-se-lhe que decidisse se os Estados Unidos deveriam ser uma república ou um império. (...)
Em 1878, os impérios europeus e as suas antigas colónias controlavam 67% da superfície terrestre. E, cerca de 1914, controlavam uns avassaladores 84 por cento. Nos anos 90 do séc. XIX , os europeus assenhorearam-se de 90 por cento de África, sendo que a parte de leão foi reclamada pela Bélgica, Grã-Bretanha, França e Alemanha. 
Os Estados Unidos ansiavam por compensar o tempo perdido, e, embora o "império" fosse um conceito pouco simpático aos norte-americanos, a maioria descendente de emigrantes, vivia-se então uma era dominada pelos robber barons - em particular uma aristocracia conhecida como os "400", com grandes propriedades, exércitos privados e legiões de trabalhadores. (...)
Mas os 400, - os oligarcas - responderam que isso era uma forma de socialismo. Disseram que seria possível haver um bolo maior para todos e defenderam que os EUA teriam que competir com os outros impérios e dominar o comércio mundial ´para que os estrangeiros absorvessem os seus excedentes em crescimento. (...) O grande prémio era a China. (...)
Cuba, a menos de 160 kms da costa da Florida, revoltara-se contra o domínio corrupto de Espanha, e esta reagiu aprisionando grande parte da população em campos de concentração, nos quais 95 mil cubanos morreram de doença. À medida que a luta se intensificava, poderosos banqueiros e homens de negócios como Morgan e os Rockfellers, que tinham milhões de dólares investidos na ilha, exigiram que o presidente agisse - para salvaguardar os seus interesses.
O presidente McKinley enviou o couraçado USS Maine para o porto de Havana, com um aviso aos espanhóis de que os Estados Unidos iriam defender os interesses norte-americanos.
Numa noite de Fevereiro de 1898, com o calor tropical a mais de 38 graus, o Maine explodiu de repente, matando 254 marinheiros, alegadamente sabotado pelos espanhóis. (...)
Mais de 70 anos depois, em 1976, uma investigação oficial pouco divulgada da marinha descobriu que a causa mais provável do afundamento do Maine foi uma caldeira que explodiu por causa do calor tropical, levando a que o depósito de munições do navio fosse pelos ares. Tal como no Vietname, e nas duas guerras do Iraque, os Estados Unidos, baseando a sua reacção em dados falsos dos serviços secretos, entraram em guerra porque quiseram. (...)»

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

A escamungada

Tarde de peregrinação a Almendra, mas não a Riba-Côa. O tempo não dá p'ra mais e não se pode ter tudo. 
Depois do almocinho em Figueira rumei a Pinhel, escamungada fora. A canícula era insuportável. Mas o velho companheiro de estrada não brinca em serviço. Comeu-lhe as curvas todas com um sorriso no focinho. 
Por elas chegava à Guarda a camioneta das oito, e o pão dos padeiros de Escalhão. E partiam no comboio os que emigravam para Santos, para Salvador da Baía, para Manáus, para as terras da promissão.
Hoje em dia é uma benesse, percorrer a escamungada sem ir parar a São Paulo!

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Meninice

Sempre me fascinou esta litografia do Sá Nogueira. Cabe lá dentro uma meninice inteira!

»Então a minha mãe voltava-se para a janela, creio que para ver melhor e não errar. Entalava o corpo da galinha nos joelhos, com a esquerda segurava-lhe a cabeça por cima da tigela, enquanto a mão direita lhe apontava, ao comprido da crista, o fio duma faca.
A galinha esperneava ao golpe na cabeça. E à medida que o sangue gotejava, tingia-se a malga de vermelho, até ela ficar apaziguada.
A mão que, às manhãs de gelo, me trazia à boca ainda adormecida uma colher de mel, era a mesma mão que manejava a faca.
E agora que eu já cresci, e me fiz velho, e descobri que todas as galinhas têm alma igual à minha, como é que eu resolvo isto?«

Ó fabricantes de santos!

Isto é o da Joana, ou alguma cadeia de montagem?!

Tonio Kröger

Relembra-se e renova-se este pensamento aqui. Porque a sede das palavras justifica o gesto. 
A badana chama-lhe romance, quando muito é uma novela, publicada em 1903.
Da badana: " (...) Desde a primeira infância, Tonio Kröger está ciente de ser diferente dos outros, em particular de Hans Hansen e Ingeborg Holm, que representam o modelo burguês, simbolizado pela sua aparência loira. 
Tonio anseia ser aceite por ambos, mas a sua natureza artística não lhe permite a cumplicidade plena. À medida que Tonio envelhece, o seu talento vai amadurecendo e torna-se escritor. Mas continua a sentir-se um estranho, e a desejar ardentemente enquadrar-se no mundo, apesar de viver preocupado com a dicotomia essencial entre vida e arte, entre a felicidade pessoal e a disciplina que leva a grandes feitos. (...)"
De facto, a mãe de Tonio é do Sul, do sol, do sal...
Editou a D. Quixote, em Março 1992.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

God bless quê?! (bis)

Razões parecidas levam-me a reincidir!
« (...) Na Grécia, o exército britânico derrubou a popular Frente de Libertação Nacional, de inspiração esquerdista, e restaurou a monarquia e uma ditadura de extrema-direita, desencadeando um levantamento organizado pelos comunistas.
Um elemento do Departamento de Estado viria mais tarde a resumir a situação: "A Grã- Bretanha, no espaço de uma hora, entregou a função de líder do mundo... aos Estados Unidos". (...)
A guerra civil grega tornou-se mais sangrenta, e pessoal dos Estados Unidos identificado como "conselheiros" chegou à zona de guerra em Junho de 1947. Os Estados Unidos armaram amplamente a monarquia de extrema-direita e toleraram as prisões políticas e as execuções em massa do seu cliente. Foi um conflito especialmente selvático, com técnicas - algumas antigas outras novas - que anticipariam as que mais tarde foram usadas no Vietname, como as deportações em massa para campos de concentração, prisões em massa de mulheres e filhos de subversivos, execuções, destruição de sindicatos, tortura e bombardeamento de aldeias com napalm. A Grécia foi mantida nas mãos de ricos homens de negócios, muitos dos quais haviam colaborado com os nazis; as vítimas foram principalmente trabalhadores e camponeses que tinham resistido aos nazis. (...)
Na Grécia [1965], o berço da democracia, onde a Guerra Fria começara e os Estados Unidos haviam apoiado um governo de extrema-direita durante muitos anos, um novo anseio pela democracia apareceu, e entregou ao veterano liberal Georgius Papandreou o cargo de primeiro-ministro. Johnson chamou o embaixador grego e disse-lhe textualmente: "Oiça-me, senhor embaixador - que se lixe o vosso Parlamento e a vossa Constituição! A América é um elefante, Chipre é uma pulga, a Grécia é uma pulga. Se estas duas pulgas continuarem a fazer comichão ao elefante, são capazes de levar uma pancada da tromba do elefante - uma pancada a sério! (...) Nós pagamos muitos e bons dólares americanos aos gregos, senhor embaixador. (...) Se o vosso primeiro-ministro me vier com conversas sobre democracias, parlamentos e constituições, ele, o seu parlamento e a sua constituição, talvez não durem muito tempo". 
Com efeito, não duraram. A Junta militar tomou o poder em 1967, banindo as minissaias, o cabelo comprido e os jornais estrangeiros, tornando a ida à igreja obrigatória, ao mesmo tempo que era responsável por numerosos incidentes de tortura e crueldade com cariz sexual. O seu novo primeiro-ministro, que fora capitão num batalhão nazi de segurança que localizava combatentes gregos da resistência, tornou-se o primeiro agente da CIA a ascender ao cargo de primeiro-ministro dum país europeu.»
Mais palavras para quê?!

Amália

Fado Português.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Sócrates já pode falar!

Grande é a generosidade da canalha, Allahu-Akbar!

Entre o grande filho da puta

E o pequeno, a diferença não é intransponível.

Adicção

[de JJ]

domingo, 4 de setembro de 2016

O Balalaica

O sarcasmo popular na criação de alcunhas é proverbial. Mas esta não proveio dessa fonte, é espúria e foi adoptada. 
Em tempos que já lá vão, o irmão mais novo do conde, que passava pelo solar da gesta gloriosa, reparou um dia no rabo duma criada. Depressa a estendeu na cama, depressa lhe fez um filho. 
E o conde ficou perplexo. Acabou por chamar-lhe o Balalaica e deu-lhe uma benesse: tinha trabalho diário no jardim, tratava das alamedas sombrias... E era nisso que escapava à penúria, quando os outros camponeses passavam fome de rabo!
A alcunha vinha da estepe russa, dos gelos distantes dos Urais, e só o conde teria acesso a ela. Hoje, aqui, do Balalaica, não sobrevive a lembrança.

Ainda há gauleses com sorte, e este Félix é um deles!

[Massas com molho de tomate - Massas gratinadas - lasanhas]
Podia ter apanhado com uma bala nos cornos aqui há uns tempos, como aconteceu a outros Charlies. Mas livrou-se disso e ficou por cá, a verter umas lágrimas de crocodilo. 
Agora armou-se ao engraçado e lembrou-se de reinar com os italianos. Talvez se foda!

sábado, 3 de setembro de 2016

God bless quê?!

[clicar]
A seu tempo voltaremos com detalhe a este texto indispensável de Oliver Stone [A História Não Contada dos Estados Unidos]. Porém esta intromissão precoce impõe-se, tendo em vista a sua actualidade e pertinência.
Sucessor de Roosevelt e antecessor de Eisenhower, Harry Truman foi um presidente menos que medíocre. E ter na Casa Branca um presidente à altura é vital para o mundo inteiro. Esta questão arde hoje como fogo, diante da perspectiva de eleição de Trump.  

Vejamos a saga trágica de Douglas MacArthur (na foto), no final da guerra da Coreia.
"MacArthur e Truman ameaçaram, em conferência de imprensa em Novembro de 1950, usar a bomba [contra a China]. E MacArthur submeteu uma lista de 26 alvos e solicitou oito bombas atómicas adicionais, para lançar sobre forças invasoras e «concentrações fulcrais de força aérea inimiga».
O gen. Curtis LeMay apresentou-se como voluntário para liderar os ataques e, sem conhecimento do público, pilotos norte-americanos e soviéticos atacavam-se em combates aéreos directos - o único combate prolongado entre os dois lados durante a Guerra Fria. (...) MacArthur começou a emitir comunicados de Tóquio, culpando terceiros pelo desastre militar e fazendo pressão para uma guerra declarada com a China. Sabendo que Truman procurava um cessar-fogo, MacArthur emitiu o seu próprio ultimato à China. Os chefes de Estado Maior conjunto recomendaram unanimemente que este fosse afastado do comando. Truman anunciou o despedimento de MacArthur.
O drama de Truman a despedir MacArthur por insubordinação e o choque de ver o falhanço da força militar todo-poderosa norte-americana, que não conseguia derrotar camponeses chineses mal equipados, reduziu as taxas de popularidade de Truman a um nível recorde de 22 por cento. (...)»

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Ainda por cima!

O cabrão do espanhol (correspondente do El País em Lisboa) escreve bem, muito bem!
Se algum dos proletários da imprensa da nossa terra aprendesse alguma coisa... já não era mau!

O piano

Do tempo em que se fazia cinema na Europa, quer dizer, do tempo em que os animais falavam, sobraram obras-primas. Uma delas é O Piano, de Jane Campion.
Uma coisa que ainda hoje fascina. Pelo mistério, pelo indizível, pela violência, pela arte. E pela força redentora da vida e do amor.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Ufff!

Fui ao Porto, de que já tinha saudades. Porque na vida só burros é que não mudam. E até o Porto encontrei muito mudado!
Fui parar a um labirinto de escadarias duma estação de metro, dentro dum elevador que só descia. Isto quando o que eu mais queria era subir para a rua, apanhar sol e ver-me livre daquilo.
O elevador estava a abarrotar de gentinha bloqueada. Mas ninguém lá dentro entendia português. 
Larguei duas a meu modo e pus-me a subir a escadaria. Até que encontrei a rua, um piso abaixo donde já tinha partido.