sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Viagem

O Porto mantém-se igual a si próprio, inglês, cinzento, imprevisível. Deu-me dois banhos dos tolos, muito agitado pela movida dos nórdicos de mochila, que vieram ver o Sol por trinta euros.
Revejo o bairro e a velha casa onde durmo, como um justo. E emociona-me senti-la outra vez por dentro.
Não vou, não quero, não posso permitir-me isso. Não tenho tempo. Nem o guardador destes rebanhos o entenderia!


XXXV
O luar através dos altos ramos, 
Dizem os poetas todos que ele é mais
Que o luar através dos altos ramos.

Mas para mim, que não sei o que penso,
O que o luar através dos altos ramos
É, além de ser 
O luar através dos altos ramos,
É não ser mais
Que o luar através dos altos ramos.

[Poemas de Alberto Caeiro, Ed. Ática]