terça-feira, 31 de julho de 2012

À atenção daquela corja de bandidos que desde há um ano mandam outra vez em Portugal


Em Perafita, a dez quilómetros do centro de Matosinhos.

A edição de 9/7/12 do JN apresentou um trabalho de dupla página do jornalista Daniel Deusdado, sobre a JP-Sá Couto. A empresa do tal Magalhães, um dos pregos com que os nossos beaux-esprits quiseram crucificar os governos de Sócrates.
Transcreve-se parcialmente, sem comentários que dispensa.

"(...) Jorge e João Paulo Sá Couto criaram, em 1989, uma empresa para assistência técnica e, a seguir, começaram a montar computadores a que chamaram Tsunami. "Mas não podíamos ficar a fazer aquilo a vida toda". Por isso começaram, em 2006, a estudar como fazer um computador diferente para o segmento da educação. Volvidos 2 anos, concorreram ao fornecimento de portáteis para as escolas portuguesas (7º, 8º e 9º anos) lançado em 2008 pelo governo anterior. (...)
A seguir, Sócrates tornou o computador na "bandeira" da nova sociedade da informação, onde educação e tecnologia chegavam a todos, incluindo os mais pobres. A JP-Sá Couto agarrou a oportunidade nacional e depois andou pelos  road-shows internacionais onde o Governo anterior exibia alguns dos melhores produtos "made in Portugal". 
Hoje o Magalhães está oficialmente adoptado como solução escolar em 49 países, e representa mais de metade das vendas mundiais do segmento. Por detrás há um parceiro essencial: a norte-americana Intel, maior produtora mundial de processadores.
Ao todo, já saíram da linha de montagem de Matosinhos mais de três milhões de Magalhães. (...)
"Já não precisamos de procurar novos mercados. Vêm ter connosco. Não paramos", diz Jorge Sá Couto, chairman e principal interlocutor com ministérios da Educação de dezenas de países.
A JP-Sá Couto havia apresentado, em 2011, ao QREN, um projecto de investimento de 20 milhões de euros, a concretizar em Matosinhos, para criar nova fábrica e responder aao crescimento da procura. A verdade é que o governo cancelou projectos de várias empresas (16) que ainda não haviam entrado em fase de execução, e um deles foi o da nova fábrica do Magalhães. A JP-Sá Couto parece ter resolvido o problema construindo fábricas fora de Portugal. (...)
É um cluster de centenas de milhões de euros, com locomotiva portuguesa...(...)
Este trabalho está na vanguarda mundial das ferramentas educacionais e fez com que a Intel lhe atribuísse o galardão "Education Solution Provider". (...)
Depois do primeiro passo de gigante na internacionalização - o acordo com Hugo Chavez e a Venezuela - seguiram-se muitos países da América Central e do Sul. A JP-Sá Couto prepara-se para inaugurar em breve uma fábrica no Brasil, já que este país, sozinho, representa um mercado gigantesco. (...)
No horizonte está uma fábrica para a América Latina, provavelmente no Panamá. Mas antes disso a empresa vai inaugurar em 2013 uma unidade em Angola. África é, aliás, um território de grandes oportunidades para o Magalhães, já que o nível de escolaridade é baixo e o uso de novas tecnologias ainda menor.
A Ásia é outro mundo imenso de oportunidades. Jorge Sá Couto voltou há dias do Paquistão, com os negócios bem encaminhados para mais um país Magalhães.(...)
O pacote torna o Magalhães em mais um contributo para a concretização do sonho de Nicolas Negroponte, o guru do MIT (Massachussets Institut of Technology) que em 2005 desejou poder ter computadores a 100 dólares para fomentar a sociedade da informação pelas crianças de todo o mundo. E quem é que afinal o está a ajudar a concretizar? Magalhães, o computador-navegador. Português."

NOTA muito pessoal: Fernão de Magalhães é o único marinheiro português de que me orgulho. Não foi mais uma vítima inútil, entre muitas. Deu a volta inteira ao mundo, provou que ele é redondo. Ao serviço de Espanha, pormenor que então não era surpreendente. Nem hoje é!

O país que se lixe!

Para o PPD, ir ao pote foi sempre o único mandamento, os portugueses que se fodam. Isso até o Vasco sabe, desde há muito tempo. 
Se te interessa relembrar o modo mafioso como esta corja de escroques o pôs em prática há um ano e tal, vai ver aqui. 
Eu, que ainda o não esqueci, faço outra vez uma vénia ao comité central. Pela sua cumplicidade na manobra.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Vá lá!

Refresca as ideias!

À nossa custa

Há por aí luminárias curiosas. Um dia lembram-nos que Portugal é um país pobre. E que até foi por isso que se aventurou à Índia, para escapar à penúria. Como se isso fosse verdade.
Outro dia dizem-nos que os portugueses são pobres porque querem, porque lhes falta a pica do risco, porque não são dados à iniciativa, porque não são empreendedores, nem são ousados como os povos ricos.
Nunca nos dizem que os suíços eram montanheses que viviam nos Alpes, cobertos de peles de urso, quando eles nos levaram para a Índia.
Nunca nos dizem que os suíços foram à escola, e à oficina, e à vida organizada e criativa, enquanto nós andámos séculos à ventura, a fazer filhos às pretas debaixo das palmeiras.
Nunca nos dizem que uma economia organizada e eficaz leva muito tempo a construir, não se improvisa numa geração.
E sobretudo nunca nos confessam - esses que nos censuram a preguiça e a pobreza - que eles mesmos nos quiseram assim, em seu próprio proveito.
São uns filhos da puta que nos talharam um fadário triste e vivem há séculos à custa dele.

Novos mundos

No estado indiano do Uttar-Pradesh vivem mais indígenas do que no Brasil inteiro. Trezentos milhões deles sofreram um apagão que os deixou sem energia. Como é que se gere uma bagunça destas?!
Boa ajuda era emprestar-lhes o Relvas, ou o Borges, bem capazes de dar conta do recado. Ou mandar-lhes o Vasco da Gama, para dar outra vez novos mundos ao mundo. Bem precisado anda este, que está velho!

5ª lição - Da bovinidade ruminante

- É verdade que há 50 anos os negros americanos não tinham lugar seguro na escola dos brancos, e menos ainda nos transportes públicos?!
- É!
- É verdade que a América profunda assassinou o Kennedy?!
- É!
- É verdade que a América profunda matou o Luther King?!
- É!
- É verdade que a América profunda precisava de imolar as Torres Gémeas, como do pão para a boca?! Para poder ir ao bolso da tua cidadania, para poder ir ao Iraque, ao Afeganistão... com a tua cumplicidade assustada, à pala do terrorismo internacional?!
- É pá, não me venhas agora com teorias da conspiração!

Quem com ferros mata...

Fui abastecer o carro e deixei no balcão 80 Euros, nunca semelhante me tinha acontecido. É verdade que o panzer estava na reserva. Mas também é verdadeiro ter Portugal os terceiros combustíveis mais caros da Europa, antes de impostos. E por certo não é falso o aumento de 57% dos lucros da GALP no primeiro semestre deste ano.
Logo me lembrei dum paraíso perdido. Há 50 anos, bastavam-me 100 escudos para encher duas vezes o depósito do Morris Mini, numa base americana dos Açores. Eu era por então um mísero chavalo, tristonho e desatento. E já se sabe que a consciência das coisas tem um preço alto.
Com menos de 6% da população mundial, a América encarrega-se de consumir alegremente 26% deste tipo de energia a nível do planeta. Só a tropa toda da América consome todos os dias o mesmo que Portugal inteiro, mesmo quando se esfalfa a trabalhar.
E é puxando pelas pontas deste novelo que se entendem melhor os crimes do Iraque, e os da Líbia, e os outros que hão-de vir. Uma sociedade predadora não os pode dispensar. Nem os mais recentes, nem os que já estão na agenda. Que dos mais antigos já ninguém se lembra.
Alguém decretou um dia que quem com ferros mata...   

Ecos da Sonora - XLV

Pois não há dúvida! De mãozinhas que sabem da poda sai outra loiça!

Síria?

Onde é que já vimos este filme?!
Na Síria não há petróleo, como na Líbia.
Há geo-estratégia. Há o Irão. Há Israel.
Há água, numa região em que ela não existe.
E armas químicas, é claro. Também apontadas ao povo indefeso.
Mitt Romney, o mórmon, em Israel, já avisou.
O Irão é o objectivo, a Síria a próxima vítima.
As sociedades da Europa são "o país do Obama".
Nada falta, para dar continuidade ao crime.
As cadeias da desinformação fazem o resto. 

Encore22

João Ferreira Rosa - Fado do Embuçado

- No fado ecoa qualquer coisa de passadista e doente?!
- É!
- O fado espelha e reproduz o nosso atavismo e a nossa decadência?!
- É!
- No fado há masoquismo fatalista?!
- É!
- O fado é há 300 anos uma diletância de fidalgotes inúteis?!
- É!
- Mas então... porque é que um dia regressaste de longe, e foste logo  meter-te na cave do Valentim de Carvalho, ali à rua do Carmo, à procura destas velharias de vinil?! 
- Nunca percebi, ainda hoje não percebo. Mas o facto é que andei lá, à procura daquilo que repudio. Se eu tivesse a explicação racional disto, acho que entendia tudo. 

domingo, 29 de julho de 2012

A táctica

Numa página do último EXPRESSO andam uns tipos muito atarefados, a passar a pano as frequentes gaffes de linguagem do pobre do Coelho. Desde o levar no lombo, às eleições que se lixem, já vai valendo tudo. 
Dizem eles que é um ajustamento táctico, um exercício subtil de comunicação directa, um shunt propositado na ligação do Coelho à populaça. O Mendes acha mesmo que os deslizes dele foram de uma enorme eficácia.
Para que isso fosse verdade, para que o Coelho pudesse usar vários registos consoante a conjuntura, seria indispensável que ele fosse capaz de dominar a língua e respeitar-lhe a norma. E nesse campo nunca exteriorizou sinais de passar do grau zero.
A verdadeira questão não está no plebeísmo nem na rasteirice, mas antes na função, que exige compostura. E o Coelho não tem estatura para ela. Se lhe juntarmos o ano que passou, as tensões que comporta, e a quantidade de trampa que o governo vem acumulando, é natural que o homem comece a abrir fissuras. Emagreceu, murchou, perdeu a mão das rédeas, esgotou-se. Está como o Relvas, que não pode dispensar, mas já está morto. E ele, não podendo recolher-se a Massamá, deslassa a cilha e manda a função à merda. 
O resto são tudo tretas.

Desencontro

É domingo, a tarde é plácida. As gaivotas conversam à vontade, em longos voos planados. O povo acolheu-se à frescura do shopping, está sentado num sofá a ver tombar os recordes olímpicos, algum terá fugido para o Algarve, a arear os pechisbeques da família. Um edifício recente, ao lado duma ruína, oferece a impossível tentação do seu andar modelo.
O bairro lembra uma aldeia, com loja de chinês aberta. E eu sinto saudades dela. Mas não é esta.

Nunca é tarde

- Será tarde para ver estas imagens?!
- É, e muito. Mas o pior será nunca as ter visto, ou esquecê-las!

Encore21

Bartoli - Rossini - Tarantella

sábado, 28 de julho de 2012

Balelas

Depois de ver e reparar
como é que estas coisas são feitas
tomei a decisão: não volto a sair à rua com estas esquisitices!
E ainda dizem que já não há proletários!

E calem-no!

Na edição de 14 de Junho, o Sr. Rui Marques ocupou no PÚBLICO uma imensa coluna, a que deu este título: Um imenso Portugal.
Para além de ser assessor do projecto cultural Sotaques Brasil/Portugal (que não imagino o que será), eu nada sei do Sr. Rui Marques. Não sei nem quero saber, já que me basta o que mostra a sua imensa coluna: um visionário que vem para a praça pública, bêbado de mitos em que não acredita, mas porém usa para encher de poeirada os olhos da populaça que não lê as epopeias, nem mata a fome com elas. 
Pertence à conhecida escola de farsantes que há séculos nos educaram como somos, alienados da realidade, de preferência a dormir, para melhor nos sujeitarmos ao fadário de penúria a que eles nos condenaram. Vêem-nos como gado e assim nos tratam, em proveito próprio.


Foi assim. Como um milagre terreno, impossível: um país pequeno, periférico, empurrado pela vizinha Castela, que se fez ao mar à procura de si próprio, da sua identidade.


É aqui que o Sr. Rui Marques situa o nosso big-bang original, a nossa explosão histórica. Miraculosa, ainda por cima. Depois dela foi só a acelerar. Confundindo indescritivelmente a peripécia épica com a história, a realidade com a ficção, o Sr. Rui Marques diz que o pobre do Camões...


sentiu na pele essa viagem contra todos os Adamastores, (...) levando a pátria a mares nunca dantes navegados.


Mas a febre malsã do Sr. Rui Marques não dá sinais de abrandar e leva-o ainda mais longe.


Nunca Portugal foi tão grandioso como n'Os Lusíadas. (...) estamos perante uma aventura monumental de um povo que se lança ao mar, vence os deuses, as intempéries, a morte iminente, sobrevive às armadilhas do destino e se realiza, magistralmente, dando novos mundos ao mundo, abrindo caminhos entre continentes, iniciando a globalização.


Porém, ai de nós!


Camões morre em Portugal a 10 de Junho de 1580, curiosamente ou talvez não, após a perda da independência do país de Espanha, decorrente da calamitosa derrota em Alcácer Quibir. 


Entretanto ninguém sabe onde ficou enterrada a tal identidade.


Mas o seu Canto de um Portugal que se agiganta (...) É o canto de um imenso, infinito, belo e miraculoso Portugal.


Se o Sr. Rui Marques não for o Pinheiro Chagas redivivo, é o mafarrico por ele. É muito parecida a sombra que nos deixará nas vidas. Vá lá, ponham-lhe o nome à esquina duma rua e calem-no!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Então foi assim!

A Câmara de Viana do Castelo patrocinou com 37 mil Euros o festival Urbiana, da AISCA - Associação de Intervenção Social, Cultural e Artística.
Entre outros, o projecto Lapidaris foi o mais polémico. Consistia na plantação, pelas ruas da cidade, de esculturas feitas de tijolos parcialmente destruídos, sem qualquer informação adjunta. Umas tais iluminações de artista já se têm visto por aí, em lugares nobres.
De formas que a ignara populaça, que não foi à escola de artes, começou a confundir as peças de arte com casas de banho públicas ou restos de alguma obra.
Vai daí, a Câmara não esteve com demasias. Foi-se às peças e deu-as ao vazadouro, duas semanas antes do dia da inauguração da exposição. É claro que a AISCA protestou.
Estes criativos pós-modernos não conhecem os limites do desconchavo. Depois ficam muito admirados quando um dia lhes aparece um Relvas troglodita e os reduz a pó, por serem caros e inúteis.

Não é um aforismo, mas podia ser

Os ricos têm sempre razão. Quando a não têm, vem a fraqueza dos pobres oferecer-lha.

Lançamento literal

Há dias dei comigo num aldeia de Riba-Côa, onde se procedia ao lançamento dum livro. Seja lá isso o que for, nunca vi lançamento mais literal!
O autor é um notável filho da terra, médico filantropo, homem exemplar. E o modo como faz eco das tradições antigas, dos gestos dum viver que só já existe na memória, é um acto de cultura que se aplaude. Os ciclos do trabalho, as festas colectivas da infância, a partida e as lágrimas dos que emigram, os afectos, as ausências, o envelhecimento da vida, são assuntos dominantes.
À entrada logo me pareceu que a aldeia estava em festa, perguntei a uma velhota quem era o padroeiro. Ela não me deu saída, e eu pasmei com a profusão de colchas nas janelas, com as mesas das vitualhas ocupando as ruas, com as várias patrulhas da guarda em serviço, com os dois porcos que uns bombeiros assavam num espeto. A praça principal abarrotava de gente.
Não havia, de facto, uma festa do orago. E toda aquela mobilização resultava da importância social do autor na sua terra. Venderam-se logo ali uns 400 exemplares. E tudo bem para os leitores, tudo melhor para a cultura, tudo excelente para os editores!
Ontem chegou-me o livro à mão. E é assim que reza o parágrafo primeiro da Introdução:
Os portugueses sempre estiveram envolvidos na descoberta de novos mundos. Ao longo dos séculos, essa predisposição para ultrapassar fronteiras e procurar territórios desconhecidos tem muito a ver com o nosso espírito de conquista, mesclado com uma alma aventureira. Contudo, a demanda de novas terras que aconteceu no último século...
Já não pude passar além deste bojador e fico-me por aqui!
Porque emigrar foi sempre, para este povo enjeitado por um país desgraçado, um gesto de sofrimento e desespero, o único modo de escapar à miséria. Dizer outra coisa é pintar quadros falsos, é alienar as mentes, é violar a realidade. É ficar do lado duma estreita elite de poderosos, que há séculos governa a vida tratando os portugueses como gado de exportação.
Estou cansado de lhe ouvir chamar a nossa gesta gloriosa, na voz daqueles que sempre cantaram de galo.

Encore20

Bartoli - Vivaldi - Dell'aura al sussurar

quinta-feira, 26 de julho de 2012

majestic

Quem chegar ao Porto de autocarro, se resistir ao susto da sala de visitas da garagem Atlântico, encontra um cheirinho europeu congelado ali no Majestic.
Duas valquírias debicam uma salada, há uns bifes que sorvem limonadas. O café custa 2,50 €. 
Vai dizer-se que também há Serralves, e a Casa da Música, e a modernidade da movida nocturna da chavalada inquieta.
Mas isso são criações duma fauna atribulada, que leu a civilização na Wikipédia e se alimenta de sucesso.

4ª lição - Da bovinidade esperta

Cabem nela os tipos todos da laia do Relvas, que se lhe associam ao jogo. 
Nada de útil se pode esperar deles.
Mas ao menos entende-se a lógica que lhes vai no bestunto.

3ª lição - Da bovinidade bronca

- Tudo menos o cabrão do Sócrates! Esse inginheiro é que nunca! Fora com xuxas traidores! O PS é igual ao PSD, se não pior! Os primeiros ataques ao Serviço Nacional de Saúde vieram do Correia de Campos!
Que fazer, se não calar e deixar ir?!

2ª lição - Da bovinidade ingénua

É um homem ilustrado, um humanista, duma ética irrepreensível. Quase um filósofo, escreve.
- Porque não tens um blogue?! Dava-te jeito, o esforço, a disciplina, a ordenação das ideias, dava-te vida!
- Nunca! Não quero manipular ninguém, nem ser manipulado!
Eu calo-me, que remédio!

1ª lição - Da bovinidade básica

Tenho com os funcionários públicos da Biblioteca Sonora, (quase todos retornados de África) uma relação excelente, construída sobre anos de boa colaboração técnica e humana.
Há um ano e tal atrás, quando se chegou à armadilha das eleições que levaram os Relvas ao poder, todos eles quiseram saber qual ia ser o meu voto. Disse eu então que, naquelas circunstâncias, qualquer português que ainda tivesse um neurónio a funcionar só podia votar em José Sócrates.
Tal declaração surpreendeu-os mais do que se tivesse rebentado um cogumelo novo em Hiroshima. Como era possível que eu, e logo eu, fosse votar num gajo como aquele, um mentiroso, o aldrabão desqualificado do Freeport, um engenheiro fabricado ao domingo, um político que ninguém levava a sério na Europa, sem qualquer credibilidade, um tipo que estava a levar o país à bancarrota, bastava olhar para a televisão, bastava ler as gordas no jornal do café...
Eu fiquei-me a pensar que todos nós temos o destino que merecemos e fui à minha vida. E hoje, passado este ano, tenho menos paciência do que já tive para lhes ouvir lamentos e protestos, e horários, e salários, e aflições, e condições de trabalho. Fora o resto.

É longo

Mas as coisas realmente importantes não se podem resumir.

A escola

Os famosos curricula ao modo do Relvas fazem escola.
Eles a foderem o país e nós a ver. 
Cá por mim, faço mais uma vénia ao comité central.  

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Hurra!

Há-de parecer exagero. Mas cá em casa abre-se uma garrafa!

Preâmbulo

É muito antigo o espírito do romeiro, que vai ao encontro do sagrado à força duma fé. Este peregrino guarda o seu bem preservado. E um dia calçou as botas e meteu pés ao caminho, per agros foi, fez o que lhe competia.
Não levava promessas a cumprir, porque as não faz. Tão pouco ia à procura de indulgências em que não acredita. Mas lá tinha as suas crenças num orago velho, ou nalgum milagre dele, o seu país mais antigo da Europa.
Foi por montes e por vales, por estradinhas antigas e modernas, por veredas, por carreiros, por atalhos. Viu paisagens e castelos, viu obras pias e muitas malfeitorias, viu escassas alegrias e uma grande solidão. Já de maravilhas e milagres não enxergou sinal.
Encontrou terras e bichos e almas penadas, e escassas gentes que ouviu e a quem se deu a ouvir. Se for verdade que no pouco se vê o muito, viu um país partido em dois países. Um que ficou com a história mas perdeu o futuro, a arquejar debaixo dela. E o outro que se agita à procura do sucesso, alheado do passado, bêbado de ilusões. De tudo quanto deu fé deixa relato.
O leitor encontra nele verdades e fantasias, muitos desejos e realidades duras, e glórias mais passadas que futuras. Não se querendo confiar, o mais que o leitor tem a fazer é ir lá ver. Porque os países da literatura são todos inventados. Só existem se lá formos.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Coisa rara

As complicações ideológicas que ferviam em 1975 vieram perturbar a minha actividade de voo na FAP. O último voo que ficou registado foi no dia 11 de Março, no T-37 C - 2423. 
A partir de Outubro desse ano, deixou de ser viável qualquer continuidade. E só através destas imagens fiquei a saber que o T-37 C voou até partir.
Eu nunca fui um violinista dentro dum avião, como alguns que conheci. E ver-me privado bastante cedo da actividade de voo não me violentou. O meu violino foi sempre outro, e assim é que o mundo está bem.
Mas tenho nisto um orgulho enorme, o que é que tu queres?!
Nesta pátria desgraçada, na guerra e fora dela, e descontando os amargos de boca, a FAP foi a melhor organização que conheci em toda a minha vida. Nas privadas e nas públicas, nas militares e nas civis, nas académicas e nas futricas. 
Não a endeuso, mas nunca me envergonhou. Coisa notável e rara, nesta nossa terra!

Já agora!

Vai aqui e aprende!
Vai ali e relembra!

domingo, 22 de julho de 2012

Outros tempos, outras vidas!

Enquanto foram modelos da vanguarda, as cabras do baixo Côa eram esbeltas, elegantes, anorécticas. Rupestres.
Hoje que são funcionárias dum parque arqueológico tornaram-se anafadas, mamudas, instaladas. Matronas.
Outros tempos, outras vidas, outras modas!

sábado, 21 de julho de 2012

AR-15

Hell Kitten AR-15
Os mercenários da tropa da América usam-na para domesticar o mundo.
O cidadão comum compra uma dúzia delas em qualquer drogaria do Colorado
Um maluco do Texas ofereceu à namorada o exemplar exposto.
E houve outro um pouquinho mais marado, que entrou no cinema, vindimou uma dúzia de espectadores, mandou para o hospital umas dezenas, e saiu a soprar-lhe no cano.
Mas que puta de país é este?!

Resumindo

O Freeport e a novela dos crápulas.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Se os portugueses existissem! (Revisto)

Viseu é o corpo duma sé e dum paço episcopal no cimo dum outeiro.
Em redor dormem brasões, e arquitecturas de ripa, e um dédalo de ruas plácidas;
e o andamento sereno de quem já não tem pressa;
e a paciência semita dos lojistas;
e o aroma das tílias no rossio;
e a estátua dum rei jovem e belo, que nunca existiu assim;
e uma estação de comboios devoluta;
e um jornal que afirma o evidente: era a melhor cidade para viver em Portugal, se os portugueses existissem.


Encore19

Bartoli - Pergolesi - Se tu m'ami

Lastro

Ideias tão gerais, tão simples e tão clarinhas, que nem nos lembramos delas.
E a falta que elas nos fazem, como lastro da cachimónia!

Não interessa!

Sou uma criatura muito feliz e privilegiada. Tive a sorte de nascer num país, mais particularmente numa terra, que pouco ou nada tem que produzir para a riqueza nacional. Está dispensada disso por causa daquela chatice da interioridade. Mas põe à minha disposição jardins públicos, vetustas pedras e belos relvados onde o olhar se me recreia e o espírito espairece.
Aquele esbelto cipreste, ali encostado à muralha, esse então transporta-me à Toscânia. O que é que eu quero mais, se sempre lá quis ir?!
Veio de Itália para meu proveito, num camião que o trouxe expressamente, junto com outros irmãos. Foi plantado ali há cinco anos e adaptou-se muito bem. É uma beleza, não é?!
A factura dele parece que se perdeu numa gaveta qualquer, ninguém sabe explicar bem. E como ainda não está pago, arranjaram-lhe um lugarzito no extenso rol da dívida. Soberana, tanto quanto ouvi dizer.
Mas isso agora não interessa nada!

A indústria da calúnia, num país de alimárias, governado por uma elite de escroques

Vá lá, não te finjas ocupado, lê isto tudo e percebe!
Para depois não te queixares!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O rol dos crimes

Torres Gémeas, Afeganistão, Iraque, Tunísia, Egipto, Líbia, Síria...
Soma e segue o rol dos crimes, sempre em nome da civilização e da dignidade dos povos. Com os resultados que se hão-de ver, para além dos que já estão vistos. À custa sempre da civilização, da dignidade dos povos, à nossa custa sempre. E nós a ver!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Mal de carro, pior de arado!

Quando tem algum pedigree, esta escumalha que há séculos nos desgoverna ainda tresanda ao mênstruo das noivas dos direitos de pernada.
Sem ele (ó Botas, ó Brancos, ó quejandos!), fede simplesmente a cuecas sujas.

Encore18

Bach - Kathleen Ferrier - Erbarme Dich mein Gott!

Encore17

Pergolesi - Stabat mater 3

terça-feira, 17 de julho de 2012

Se lá voltares

Não perdes, claro!

Este mundo, e as variáveis e constantes dele

A constante omnipresente é o gosto abastardado.
A variável são as mil formas que ele toma.
Que lhe havemos de fazer?!

Ainda por cima!

Quase vale a pena, ó MEC, aturar-te um ano inteiro de textos que roçam o irrelevante, para chegar à crónica do PÚBLICO de ontem!
Não é gago quem assim fala da gare do Oriente, aquela coisa com palmeiras que o Calatrava impingiu a uns pacóvios da borda d'água!
Com palmeiras que vieram da Galiza, ainda por cima!
Sem link, transcreve-se com vénia:

Tive o azar, recentemente, de visitar a gare do Oriente, em Lisboa, para apanhar um comboio para o Porto.Toda a gente me dizia para não lá ir mas, mais uma vez, fui vítima do meu optimismo maléfico.
Na gare, não há como transportar as malas ou onde sentar. Espera-se de pé, entregue aos elementos. É a ventania; é o sol e, se chover, é com a chuva toda que levamos nos cornos.
A estrutura metálica de Santiago Calatrava até é gira em fotografias, apesar de ser um bocadinho fin de siècle e estar para aí um século atrasada. Mas, vista por quem lá está, a olhar para cima e em volta, é uma excrescência repetitiva e distante, como se estivesse a fugir dos passageiros e do dever de protegê-los e de facilitar-lhes a vida.
Estando expostos ao sol, ao vento e à chuva, a gare obriga-nos a descer para um espaço imenso sem céu nem luz nem formosura, onde há um bar onde diz "bar" e bilheteiras onde diz "bilheteira" mas nada que distinga uma coisa da outra. No bar há mesas. Na bilheteira há bichas e guichets. Tudo sem qualquer graça ou ideia nova.
O ambiente é de confusão, insegurança e escoamento de esgotos. Sentimo-nos tão expulsos por esta cave como pela gare que nos expulsou para lá. Dez minutos-anos lá voltamos à gare, tentando guiar-nos pela péssima sinalização: só perguntando ao pessoal, sempre excelente e brioso, da CP.
Sair por Entrecampos é mau. mas é preferível. A única maneira boa de partir continua a ser pela santíssima Santa Apolónia.

O cu e as calças

Esta senhora também participa no grande concurso do lava-mais-branco, em versão soft.
Confundindo, claro, o cu com as calças! Mas, quando há peditório geral, cada um dá o que pode.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

O costume

Mal embrulhado no sarcasmo cínico dos bastardos, o que este cabrão pretende é esvaziar a questão do canudo do ministro, tirar-lhe significado, responsabilizar o sistema, baralhar a canalha e branquear o ministro.
A propósito! O Cavaco ainda existe?! Ou sempre é verdade que nunca chegou a existir?!

Vai ver ali!

Não está lá tudo, mas ajuda!

domingo, 15 de julho de 2012

Paraíso

 Expulsos do paraíso, perdidos na solidão do universo, toda a vida procuraram os homens o regaço dum deus e os caminhos para ele.
 Os camponeses do sertão do Cabo Ledo, lá longe à beira do mar, desfaziam pilhas velhas que misturavam ao milho para o forçar a fermentar. Uma tal mistela matava-os lentamente, mas era melhor que nada.
Aqui na serra plantaram os bacelos, faziam a vindima, entravam ao lagar e preparavam o mosto. Era um verdelho de meia dúzia de graus. Mas só o abandonaram quando chegou o vinho bom da terra quente. Há uns dois mil anos atrás.

Encore16

Verdi - Nabucco - Va pensiero

velho testamento

Quando é que esta gente recusa transformar-se no alvo da chacota dum tipo como o Portas?

Tanta unção só pode levar ao céu!


- Queres boleia?! - arrisca o Relvas.

Procura e oferta

O lázaro-ministro um dia disse assim:
"Norteio a minha vida pela simplicidade da procura do conhecimento permanente".
Ora esta foi a primeira boca que o lobo-mau atirou à avozinha, depois de ter papado o farnel à menina do Capuchinho.

Técnica velha

Na Cimeira das Juventudes da filarmónica partidária, um tal Duarte Marques, que já garantiu lugar na história dos audazes imbecis, ao memo tempo que reclama o impossível - a ressurreição dum lázaro-ministro que já morreu três vezes - aponta o dedo a Mariano Gago.
Desafia o ex-ministro socialista a pronunciar-se sobre a lei das equivalências, a tal dos créditos, a do canudo do outro, a da Lusófona, a do Concelho Científico que também... A lei terá sido transcrita duma directiva comunitária pelo ex-ministro da Ciência de Sócrates.
Virando o bico à seringa, este novel ás do laranjal deixa assim subentendidas duas coisas: à primeira, os portugueses são um bando de palermas; e à segunda, o escroque não é o gajo do canudo, é o Mariano Gago.
Ia apostar que este ás do laranjal também se licenciou em Relações Internacionais, aí num estanco qualquer!

A pomba

Vi-a há dias na praça da Batalha, a escoicinhar lá ao fundo, no meio do passeio. E nunca tinha visto uma pomba em semelhantes preparos. Ora coices à direita, ora coices à esquerda, não era possível que estivesse bem. As pombas não andam bêbedas, nem sofrem de epilepsia.
Quando cheguei perto dela decifrou-se o enigma. A pomba tinha as patas enfiadas no anel dum barbante, como as peias que sujeitam os jumentos no prado. Eu pus-me a olhar em volta. Mas nenhum dos lojistas me pareceu ter ar de sádico, ou de negreiro, ou de familiar da santa Inquisição.
De modo que só uma coisa poder ter acontecido. A própria pomba meteu as patas na armadilha por simples masoquismo, ou porque se distraiu a ciscar no monturo.
Quis ajudá-la mas logo protestou. E eu tive pena dela e fui-me embora.
Fez-me lembrar a política, e a urna das eleições de há um ano, e uns jumentos que também meteram o pescoço num barbante que nos garrota. E porque as más ideias são como as cerejas, veio-me à cabeça o comité central, que para mal de todos nós também traz as canelas apernadas numas peias do tempo do Stalin.

sábado, 14 de julho de 2012

Olha-me só!

A insânia, ou a falta de vergonha, ou a pulhice descarada que vai no bestunto destes cabrões!
Está-lhes na massa do sangue, é o que é!

O Seguro de Vida da quadrilha do Passos

Uma coisa destas qualquer cretino a sabia. A própria besta fez dela inconfidência.
É por essas e por outras que o PPD não é o único em cena. Antes vai muito bem acompanhado, no palco da tragédia nacional.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Cão de cego

O Gauleiter, ele o diz, foi ilibado em toda a linha.
E assim ficou, purinho como quando nasceu, como convém.
Faz falta ao pobre do dono, que não enxerga onde põe os pés.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Encore14

Pergolesi - Stabat Mater 1

Ó Relvas!

Há dias prometi contar-te um episódio.
Como entretanto morreste - porque estás morto embora não o saibas! - e como eu não gasto cera com ruins defuntos, já não te conto episódio nenhum.
Chovam raios ou coriscos, nunca mais aqui se falará do teu nome.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Mercado Lusófono

Há quinze dias que deixou de haver lixívia na drogaria da esquina. 
E eu a pensar que era a crise, só agora percebi.
Tantos são os mafiosos e os escroques, afadigados a desencardir o coiro ao Relvas, e o seu próprio, que esgotaram o produto!

Ou será Infantilismo?

Quem cultivar curiosidade em conhecer o grau de poluição, irrealismo e decadência que vai nas mentes liberalistas que aí andam, tem aqui um aromazinho.  

Ó Crato!

Não saber é não sofrer, toda a gente conhece isso!
Talvez por essa razão, as cabecitas dos alunos do Secundário se limitem à penúria que se vê.
É claro que o país ainda confia, e muito melhor se lembra, das tuas mezinhas de curandeiro encartado!
E eu só não sei de que é que estás à espera, para assacar as culpas ao cabrão do Sócrates.

Ó Passos!

Já te esqueceste, e eu entendo, tão aflito tens andado a manter a cabeça fora de água! Mas podes relembrá-lo aqui
Sabes uma coisa?! O grande calcanhar do maior dos heróis é a arrogância. E se a ela juntares uma ignorância tão grande como a tua, tornas-te o alvo fatal da seta impiedosa que vitima os Aquiles.
Não tens que agradecer, eu sei que já  é tarde.

Arte pública - 3


A propósito

No Porto, que desde há uma dúzia de anos tenho tido alguma paciência para aturar, foram, entretanto, acontecendo coisas: uma fundamental, duas indispensáveis, e um caudal festivo de equívocos e oportunidades perdidas.
A coisa fundamental aconteceu na Universidade, que se tornou um campo modelar na Engenharia, na Arquitectura, e eventualmente  noutras áreas. 
Que nunca doa a cabeça ao escol universitário que isso fez. E oxalá que os Relvas, à boleia da crise, não tenham capacidade para o abandalhar.
Uma coisa indispensável foi o arranjo da frente ribeirinha. Mas a mais importante foi o metro. Além de ajudar a resolver os problemas do trânsito urbano, que não tinham outra solução, o metro é o único local que o povo usa, e onde entra e se comporta, como se não vivesse no séc. XIX.
Espera-se que os Relvas lhe expandam a rede, e o suportem financeiramente, e os conflitos de interesses que os dilaceram por dentro não acabem por afogá-lo no rio.
Já os equívocos são uma cascata deles. A Casa da Música, que o holandês impingiu à cidade, foi o mais caro de todos e foi a perda maior. Serralves e o seu museu é o lugar onde melhor se passeia e mais fundo se embrutece, com tanta pós-modernidade. A praça dos Aliados tornou-se num deserto desgraçado, que nem o próprio Porto merecia. O edifício transparente, que o Calatrava inventou, ali ao fundo do parque da cidade, é o maior conto do vigário. Resta o Bolhão a morrer, os clássicos da Boavista com que o Rio se diverte, e a movida nocturna que a chavalada mais nova copia da Wikipédia. O património antigo, o da Unesco, aqui vai sendo entaipado, mais além desaba, na encosta.
Sobram, claro, os burgueses do Porto, e os pergaminhos de lata que carregam aos ombros. Mas esses mostram-se pouco, que os tempos já são outros. Não vale a pena perder tempo com eles.  

domingo, 8 de julho de 2012

E com razão!

 Uma cidade invicta que recebe os visitantes vindos do Sul, de autocarro, num galpão deste calibre, ali ao lado da Batalha, há-de ser um logradouro envergonhado e pouco recomendável. Tão manhoso como os peralvilhos que há décadas o governam.
Só pode ser um arrabalde de si mesma, esta cidade, como dela disse um dia o Teixeira de Pascoais. E com razão!

Sofres de Alzheimer?

Ou padeces de falhas de memória?
Ou não tens tempo para pensar em tudo?
Ou só não sabes onde deixaste o carro?
Ou estás-te nas tintas para a política?
Ou és simplesmente burro?
Em qualquer destes casos vai ali.
E à saída não te esqueças de agradecer ao dono da casa.

Encore13

Bach - Andreas Scholl - Erbarme Dich mein Gott!
A voz do contratenor que deixa as divas verdes.

sábado, 7 de julho de 2012

Encore12

 Bach - Galou - Erbarme Dich* mein Gott!
*Tem piedade de nós, Senhor, que bem preciso é!

Chegou o tempo

Depressa chegou o tempo em que as castanhas se põem a rebentar na boca dos aventureiros irresponsáveis.
- Temos que ser muito tolerantes nessa matéria! - cicia o Relvas, enquanto range os dentes.

Encore11

Bartoli Vivaldi Languir Costante

Diz que o Relvas, afinal, autoriza!

O quê, pá?! A consulta ao teu currículo académico?!
Deus me livre e guarde, ó Relvas!
Para depois ter que desinfectar as pituitárias com lixívia?!
Vai mas é catar as matacanhas!

Ecos - 10***

O compadre aparício trouxe há tempos o macaco da expo 98, haverá quem se lembre do acontecimento social que teve lugar ali na margem da doca dos olivais. Apareceu aí radiante com o exótico presente. O bicho era inteligentíssimo, e tinha formação de guarda-costas dum homem grande da tribo dos maconhas, nas traiçoeiras florestas do congo.
Sempre que o compadre estendia a rede entre os dois ulmeiros do quintal, para a grande sesta das duas, lá entrava de serviço o bodigarde. Perseguia as borboletas distraídas que vinham tropeçando na brisa, e as vespas que vinham no encalço das borboletas, e as lagartixas que corriam atrás das vespas de cabeça no ar, e as lesmas que se divertiam a cortar o rabo às lagartixas, e ficavam a vê-los dançar a polca. Nos intervalos treinava a pontaria às fisgadas aos pardais. Claro que tudo isto eram brincadeiras de criança para um rambo daqueles, habituado às emergências da floresta virgem. E o compadre aparício ressonava, sorridente como um anjo nos mirantes do céu.
Foi ontem que a desgraça aconteceu, e diz quem viu que tudo foi assim. Um moscardo poisou na testa do compadre, andava o macaco a afugentar um qualquer insecto secundário. Há quem lhe tenha vislumbrado na face um exótico brilho, mas ninguém o pode assegurar. Vendo de longe a iminência do perigo, e por certo sem medir as consequências, o cérbero investiu à pedrada. Com tamanha eficácia que deixou a cabeça do compadre aparício aberta ao meio, pareciam duas metades dum melão espanhol.
Ainda estou a ver a satisfação do pobre compadre, quando chegou da expo. A contar-me a euforia do homem grande da tribo dos maconhas, todo contente por retribuir, enfim, o colar de missangas, que o vasco da gama lhe ofereceu quando passou no congo, há um ror de anos.
[***Eco de 2002]

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Nivelar por cima

Em pincelada grosseira, esta geração dos Relvas que chegou ao governo por um golpe genial duma luminária chamada Marco António Costa - ou tens eleições no país ou no partido, é a hora! - saiu da fábrica com marcas peculiares.
No geral, traz nas ventas a poeirada vermelha de sertões longínquos e paisagens majestosas, povoadas de coqueiros e de búfalos, e de pretos que passavam fome e ensacavam o café.
No particular, mostrava o cu aos ministros para lhes dizer que não pagava as propinas, e acabou com o serviço militar obrigatório, porque era chato ir à tropa.
As universidades privadas, que os papás deles criaram, - as Modernas, as Independentes, as Atlânticas, as Lusófonas, as Portucalenses, as Lusíadas, as Internacionais, as Livres... - eram escolas de papel e lápis, mais semelhantes a máquinas caça-níqueis do que a lugares de aprendizagem e curiosidade intelectual. 
Sempre foi mais vasto nelas o horário dedicado à movida nocturna, do que a outras mais agrestes tarefas curriculares. Mas ofereciam por junto mil e quinhentos cursos e garantiam um canudo. 
De modo que, aos poucos, se foi chegando a isto: para além de outros badalados casos, só na Lusófona já houve 89 licenciaturas três em um, como a que o Relvas ostenta.
Eu acho bem, que os direitos devem ser universais! E ao mesmo tempo que se limpa a face ao Relvas, cultiva-se o país e nivela-se por cima. Já nos bastava de nivelar por baixo!

Serviçais

Há um ano e tal era a esquerda grande que lhe saía da ladainha sacrista. Agora passou a ser a esquerda dos valores
Quais sejam eles, podes vê-lo na REVISTA do Expresso da semana passada, onde Clara Ferreira Alves entrevista Louçã.


Louçã e a campanha:
- Em Portugal, o Bloco fez mais campanha contra Sócrates do que contra o PSD.
- Sócrates estava no poder. E fizemo-la bem, quisemos sempre ter um diálogo com todos os que no PS possam ter uma voz por uma boa razão.


Louçã e o PEC IV:
- Graças também a vocês, o PEC4 falhou, e veio a troika e houve eleições.
- Estávamos contra o PEC4 e bem. Há uma diferença entre política e prostituição. Votar no PEC4 era a prostituição. A ajuda externa estava pedida com o PEC4. (...) Havendo eleições é  democracia que decide. Quando foi recusado porque a direita o recusou, o PS foi a Belém pedir eleições. O que queria Teixeira dos Santos com o PEC4? Expulsar os inquilinos. Liberalizar os despedimentos. Privatizar a TAP e os CTT. Os hospitais. Ìamos aprovar isto? Seria uma traição.


Louçã e a troika:
- Imagina um governo de esquerda, com o Bloco, que rejeitasse a troika e o memorando. Haveria uma quebra nos pagamentos... Que farias? Como economista tens que ter uma resposta para isto.
- Com certeza. Rejeitar a troika significa que o memorando deixa de ter validade, e que não seremos obrigados a fechar a Maternidade Alfredo da Costa, hospitais...


Louçã e o Euro:
- Se sairmos do Euro, podemos fazer o que quisermos.
- Isso é aceitar uma chantagem moral indigna. Pode ser que a degradação do Euro leve um país a sair, e temos de estar preparados, mas a esquerda não quer a saída do Euro. Só um irresponsável pode dizer que é vantajoso lançar um Escudo que terá um desvalorização de 50%...


Louçã e o PS:
- Sem união à esquerda não há alternativa. E vocês detestam os socialistas.
- Estás enganada. Detestamos os socialistas que nos pedem para sermos liberais.(...)


Louçã e Sócrates:
- Vias Sócrates como um socialista?
- Tinha duas facetas. Tive um almoço com ele no dia em que tomou posse, no 1º mandato. Discutimos quando se deveria fazer o referendo sobre o aborto. No dia do referendo ele ligou-me três vezes e falámos intensamente durante a campanha. Orgulho-me do trabalho que fizemos. E fui eu que convidei Miguel Relvas para fazer parte dos grupos de apoio ao SIM, e ele fez.


- Devemos ao Sócrates essa lei e a do casamento dos homossexuais. Sim ou não?
- Sim. Mas esse era um Sócrates. O outro entregou os hospitais ao grupo Mello e ao Espírito Santo.(...)


Louçã e os Relvas:
- Preferes sentar-te a uma mesa negocial com um Sócrates ou com um António Borges?(...)
- Estou-me nas tintas para o Borges. Não tenho ressentimentos pessoais.(...) Sócrates era um homem dinâmico, que cumpriu o que tínhamos acordado. Mas não podemos ser aliados dum PS comprometido com as políticas liberais.(...)


Nota: Aqui se considera que o PEC IV conduziria provavelmente à troika. Porém, algum tempo mais tarde e noutras circunstâncias, o que teria sido um ganho muito importante.
Capitaneados pelo falso sonso do Cavaco, os Relvas é que ansiavam desesperadamente pela troika, que lhes traria assistência financeira, o poder, e um programa ideológico que não tinham tomates para impor. 
Não escondiam que já era tarde para a chamar. E contra o interesse do país, recorreram a toda a espécie de pulhice, desde a mentira descarada ao Espírito Santo do BES, para forçar Sócrates a fazer o que não desejava, embora provavelmente inevitável. Não queriam ser eles a fazê-lo. Queriam que ficasse na história da chicana politiqueira, conforme ficou, que o governo de Sócrates é que chamou a troika. 
O que hoje temos é o PEC IV vezes sete. E a gentalha que aí está no governo, a transformar-nos a vida num capacho.
A iluminados destes, do tipo do Louçã, só um povo adulto, e lúcido, e esclarecido, coisa que nós nunca fomos, poderia resistir. É que nem os Relvas esperavam tanto destes serviçais!
[Aqui o tens, dito doutra maneira!]

Encore10

Bartoli Händel Ombra...

Encore9

Bartoli Rossini Canzone

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Ó Lomba!

"(...) 2009, 2010, 2011 ou 2012. Contem os anos. Em cada um deles o poderoso sindicato dos pilotos ameaçou sempre com greves nas alturas mais críticas (...). 
Em 2009 anunciaram uma greve para dias antes das eleições legislativas. 
Em 2010 escolheram a Páscoa (...). 
Em 2011 nova ameaça de greve, porque exigiam o envolvimento dos pilotos no processo de privatização
E em 2012, queixando-se de sanções indevidas (...)..."


"Podem dizer-nos que privatizar a TAP é um crime contra o país. Não vou discutir isso agora. Muito mais criminosas são estas sucessivas ameaças de greve (...)..."
[PÚBLICO DE HOJE]



Larga o paleio de cona e desampara-nos a loja, ó Lomba!
A vocação chantagista dum sindicato de engalanados que em média até ganha bem é um crime contra o país, ponto final.
A privatização da TAP é outro crime contra o país, dois pontos finais.
Nenhum anula o outro, nem o agrava. Nem redime qualquer dos criminosos perante o país: dum lado o sindicato dos pilotos, do outro o teu governo bem amado.

Ó Magno!

Quanto mais ladras mais te enterras!
É que há uma grande diferença, que nunca conheceste, entre isto de ladrar e meter os pés pelas mãos!
Ladrar e ter pudor não é para qualquer um!

Ó Relvas!

Ouve cá!
Ainda não percebeste que isto só lá vai com um golpe de estado?!
Entende-te com o Louçã, que sempre esteve no papo!
Isto para não falar agora de outros, que também estão, embora finjam que não!
E fala com o Otelo, pá!
Sabes que, desde que meta putas e facas nas costas, esse gajo vai a todas!
Não tens nada que agradecer, é tudo pela pátria!

Memorial

Conforme o autor do projecto correctamente viu, o 25A foi um urgente re-arranjo das movediças e instáveis pedras da nossa vida.
E foi para o evocar que assim se inaugurou na passada 2ª feira um memorial em Almeida.
Foi tarde que chegou?! 
Foi!
Mas chegou.
Em terras mais apressadas, muitos oportunistas já o deitaram fora.
Aqui se saúda o orador, que um dia deu voz à ideia e nunca desistiu dela.