quinta-feira, 26 de julho de 2012

1ª lição - Da bovinidade básica

Tenho com os funcionários públicos da Biblioteca Sonora, (quase todos retornados de África) uma relação excelente, construída sobre anos de boa colaboração técnica e humana.
Há um ano e tal atrás, quando se chegou à armadilha das eleições que levaram os Relvas ao poder, todos eles quiseram saber qual ia ser o meu voto. Disse eu então que, naquelas circunstâncias, qualquer português que ainda tivesse um neurónio a funcionar só podia votar em José Sócrates.
Tal declaração surpreendeu-os mais do que se tivesse rebentado um cogumelo novo em Hiroshima. Como era possível que eu, e logo eu, fosse votar num gajo como aquele, um mentiroso, o aldrabão desqualificado do Freeport, um engenheiro fabricado ao domingo, um político que ninguém levava a sério na Europa, sem qualquer credibilidade, um tipo que estava a levar o país à bancarrota, bastava olhar para a televisão, bastava ler as gordas no jornal do café...
Eu fiquei-me a pensar que todos nós temos o destino que merecemos e fui à minha vida. E hoje, passado este ano, tenho menos paciência do que já tive para lhes ouvir lamentos e protestos, e horários, e salários, e aflições, e condições de trabalho. Fora o resto.