O verbo desfolhar sempre existiu desde que o mundo é mundo. Desde que chegou o primeiro Outono aos olmos do Paraíso.
Usavam-no muito as lavradeiras do Minho, no tempo em que milho havia. E os americanos fizeram dele indústria, no Vietname, largando nuvens de agente laranja. Isto antes de ficarem a saber que só o primeiro milho é dos pardais. O segundo já não é.
Igualmente o verbo desflorar existe há muito. À letra, tirar a flor. Nem se imagina o deserto do mundo, e a tristeza toda dele, se o verbo não existisse.
Hoje em dia a palavra é desfrutar. À letra, tirar o fruto. Há quem lhe questione a elegância e o purismo, mas a prática faz lei. E não há quem a dispense.
Ou nisso pense. Pois em rigor me parece que uns poucos colhem as folhas, os frutos e as florações, e aos muitos sobram os verbos, e algumas recordações.