Duas coisas marcam há séculos a vida portuguesa: o fedor do bragal íntimo das elites dirigentes e a alegre folia dum povo néscio, maltratado, infantil e sem memória. Vem isto a propósito dos últimos folhetins à volta da TVI.
José Eduardo Moniz passa por ser uma estrela, no mundo das televisões e no mercado das audiências. Mas não passa dum espantalho. Era o dono da RTP, quando a eminência Cavaco distribuiu os alvarás das televisões privadas. Toda a gestão do Moniz cabia num argumento: comprar tudo o que aparecia no mercado para o furtar à concorrência, e que frequentemente nem era utilizado. A RTP entrou na ruína financeira, mas quem pagava era o erário público. Soares Louro, que veio logo a seguir, é que o poderia contar.
Depois foi o Moniz para a TVI. E o grande trunfo que subiu as audiências foi o lixo televisivo, a mixórdia que degrada, a obscenidade exposta, a vida tal como ela é, o malfadado big brother, as performances do brasileiro Kléber, o rebotalho cultural. Moniz limitou-se a dar ao povo, através da televisão, a merda que o povo queria. E ganhou as audiências. Hoje o Moniz é um guru, mas não passa dum equívoco.
Nada disto em Portugal é novo. Desde há séculos que só as moscas mudam, e a merda se reproduz infatigavelmente, para geral tranquilidade.
Há quem pense que as coisas podem mudar, sem fogo e ranger de dentes. São fezadas!