terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ecos da Sonora XIX


John dos Passos era neto de emigrantes madeirenses na América. Nasceu em 1896 e frequentou em Paris, durante a Primeira Guerra, os círculos literários do princípio do século. Sartre considerou-o o escritor mais importante do nosso tempo.
Andará no mercado uma edição recente da Trilogia USA - Paralelo 42, 1919 e Dinheiro Graúdo - que desconheço. Aquela de que disponho é da Portugália Editora e não tem data. O que tem é uma tradução de luxo, de Helder de Macedo, coisa que vai sendo raro ver. Ter a oportunidade de reler o Paralelo 42 (que custou na altura o equivalente a 36 cêntimos) mais que um enorme prazer, é uma benesse. Porque deleita, edifica e ensina ao mesmo tempo. E ao contrário das toleimas pós-modernas, é isso que compete às artes literárias.
Transcrevo da Nota Introdutória, que não traz indicação de autoria:
A Trilogia é o conjunto mais devastador que porventura já se ergueu, tendo como pano de fundo os alicerces sociais da nação americana e como tema fundamental a viciação e degradação de carácter, frutos de uma civilização decadente baseada no espírito mercantilista e na exploração sistemática. (...)
(...) estes seres automatizados, embora aparentemente impermeáveis ao menor frémito de sensibilidade, de alegria, dor ou entusiasmo, apresentam-nos, no seu conjunto, um fresco de terrível devastação e desespero: o panorama da vida americana das três primeiras décadas do século é marcado em J. dos Passos pela corrupção, pela futilidade, pela frustração, pelo espírito de derrota. (...)

A Segunda Guerra Mundial, que veio logo a seguir e pulverizou a Europa, foi uma sopa no mel!