É. O Prémio LEYA 2008. O Rastro do Jaguar, de Murilo Carvalho.
Não sei se a meia dúzia de personalidades que falam na contracapa (para além de Manuel Alegre, indicado como presidente) constituiu o júri. Estão lá Judite de Sousa, Luís Figo, Ana Maria Magalhães, Luís Represas e Pepetela. Menos ainda estou certo de que pudessem falar de outra maneira, havendo-o constituído. A LEYA sempre é a LEYA! Por seguro tenho apenas, que não estou de acordo com o que dizem.
Porque escrever um romance não é fazer uma estrada. Não é juntar ao cascalho britas várias, e passar-lhes no fim um cilindro por cima. Fazer literatura não é um exercício de juntar palavras e acumular peripécias. É dizer apenas o que deve ser dito, se tudo o mais é supérfluo. E é fazê-lo dum modo que diverge do linguajar comum.
A estrutura sincopada da narrativa convida à acumulação, abre caminho ao excesso. É como assentar tijolos. E toma lá, por pouco, 600 páginas de ganga literária. Resta-nos um produto da cultura, que o objecto literário é coisa bem diversa.
Noto o exótico encanto das estranhas grafias do acordo ortográfico. E registo dois embondeiros a menos na paisagem do mundo, transformados em pasta de papel. Mas o que é que isso tudo interessa à LEYA? O prémio está bem entregue!