sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

As cadelas apressadas...

... ou de como anda cheio o inferno, de excelentes intenções!

Em 1995, ao sentir-se defraudado pela inépcia novo-rica dos governos cavaquistas, Portugal elegeu o primeiro-ministro mais culto, mais humanista e mais cosmopolita que já teve. António Guterres tomou conta do cargo, encheu o peito de ar e de voluntarismo, e tomou duas medidas arrojadas: suspendeu as portagens na CREL, e mandou parar as obras da barragem do Côa. Para salvar uns cavalinhos que não sabiam nadar.
Das portagens conta a história, porém os cavalinhos lá ficaram. E projectou-se um museu (ninguém sabe bem de quê!), a construir numa escarpa que sobrou ali na encosta.
Afinal foram fazê-lo numa colina altaneira, a dominar a paisagem. Cá de longe faz lembrar o palácio dum sultão, só Deus sabe as maravilhas, e os tesouros, e os mistérios que resguarda. Um dia havemos de ver!
O resto para ali ficou, trocado por 20 milhões. Colinas escalavradas...

... desaterros... escombreiras...

... rasgões na terra... pedreiras...

... boqueirões... escandaleiras...

destruições... carreteiras...

... conforme ao habitual. E das gravuras pouco mais se ouviu falar.
Que bom é ser cavalinho em Portugal!