Entre tantos europeus, são os portugueses quem mais gasta, por cabeça, no jogo do Euromilhões. E não é por serem ricos, que esses só investem pelo seguro, no Madoff, ou no Rendeiro. Ou no Oliveira e Costa, nos casos menos afoitos.
Aclaram os sociólogos que os portugueses apostam porque são os mais infelizes, os mais pobres, e os mais ignorantes. Pois o que faz disparar a tineta da jogatina indígena, outra coisa não é que o índice de ignorância, o índice de pobreza e o índice de crendice. É dito assim por quem sabe, e é consabido por quem não anda distraído.
Sendo assim, os portugueses cumprem bem o seu papel. Há séculos que as elites dirigentes lhes talharam o fadário, e raramente deixaram de lhes impor o rumo.
Não faço ideia nenhuma do que pensam sobre isso os trinta portugueses que o Euromilhões tornou milionários nos últimos quatro anos. Sei apenas o que faz aquele camponês do planalto de Miranda, que há uns tempos atinou com os algarismos todos. Passeia-se num Ferrari pela estrada municipal. E guarda no telheiro um Porsche de reserva, que um banco sacrificou, para lhe caçar as poupanças. Campónio será ele, mas não parvo. Já anda a jogar no totoloto, para acertar num jackpot e garantir o futuro. O mundo não está para brincadeiras, e ele não quer perder nível de vida.