sexta-feira, 18 de março de 2016

Radicalismos, exageros, tresleituras


Por sorte minha dei comigo incluído neste programa da Biblioteca, de encontros com alunos das escolas EBS e Secundárias da cidade. O pretexto é a obra do autor, mas a ementa é variável: a língua e a literatura, e a natureza do texto, e o papel da arte na nossa vida, e a importância do leitor, e a diferença entre a arte literária e os pepinos do mercado, mais o passatempo e as variadas funções que tem a literatura, mais a grande solidão do ecrã do Facebook. 
Foi no seguimento de um desses encontros que surgiu no jornalinho da Escola este texto duma professora. Fico contente! Porque ler e escrever é sempre escrever e ler. Tudo o resto são cantigas.
«Foi na biblioteca. 
E em que outro lugar nos poderíamos encontrar com a leitura mais uma vez?
Em que outro lugar poderíamos entender a mensagem de mudança que um livro pode trazer?
J C tentou trazer essa mensagem à nossa escola. O escritor é um pouco radical. Notou-se isso mesmo logo pela sua apresentação. "Eu podia falar da grande satisfação que sinto por estar aqui, mas isso não interessa a ninguém. Emoções, estados de alma... Não é isso que move o mundo. O que move o mundo são as coisas objectivas, palpáveis." (...)
Segundo o escritor, existem períodos de racionalidade e períodos de irracionalismo. Nós encontramo-nos numa época de irracionalismo.
Porquê?
No meio de todos os seus exageros e radicalismos, acho que entendi a sua mensagem. O autor entende a arte como algo utilitário, algo que deve ter uma função. Deve ser algo que mova o mundo. (...)
Eu não penso que seja algo assim tão linear. Todas as épocas têm grandes pensadores. Todos nós temos um grande pensador dentro de nós. Ser homem é isso mesmo: pensar. Mas por vezes não damos voz a esses pensamentos. Somos invadidos pelo silêncio. (...)»

Ora de radicalismos, esta professora apenas sabe da missa inteira a metade. Talvez não possa saber, e daí as tresleituras. É professora duma escola secundária, isso lhe basta para fazer dela uma santa. Caso soubesse do resto... fazia-nos um milagre!

[ADENDA FUNDAMENTAL: Por imprecisão de informação, imputei este texto a uma professora da Escola. Mas venho a saber que se trata duma aluna. Lamentando a embrulhada, e sem razões para alterar qualquer palavra, alegro-me em duplicado. E saúdo a sua autora.]