domingo, 13 de março de 2016

Incêndio

Lenta e progressivamente, a Alemanha paralisa politicamente. O Deutsche Bank claudica, e as eleições resvalam para o AfD (Alternative für Deutschland) A França ninguém a entende, temem-se os estilhaços do referendo inglês. A Polónia e a Hungria deslizam para o absurdo. Surgem trincheiras e muros, que ninguém chama da vergonha. O BCE acciona as rotativas do euro, tarde e mal e feiamente, em desespero de causa, por causa da deflação. Os burocratas de Bruxelas brincam ao sudoku, discutindo milésimas do défice e o plano B do governo português. A Espanha tergiversa em volta dum governo. A Europa abandonou a Grécia, submersa por migrantes (idem), da Síria, do Iraque, do Afeganistão. A Turquia de Erdogan é subornada, enquanto massacra os curdos, os únicos que enfrentam o DAESH. O DAESH alarga o califado, o pânico e o terror, na Turquia, na Costa do Marfim, no Iémen, no Burkina-Faso, na Líbia que desapareceu. A Europa afasta-se de Putin e decreta-lhe sanções ao serviço da Nato. A bolha do fracking rebenta na América, e os preços do crude afundam o Brasil, a Venezuela, a Nigéria, Angola. A produção industrial chinesa perde o fôlego. A América segue em frente, depois de ter incendiado o mundo.