sexta-feira, 18 de março de 2016

Mestre Campos

E lá voltei a visitar o mestre Campos. Um cristão escorregou por um cômoro, estorcegou um pé, uma entorse, a luxação, não sei. Quem bem sabe é o mestre Campos, em Foz-Côa. É massagista de exóticos diplomas, trata ossos, tendinites, torcicolos, põe a ganir pacientes que lhe saem da marquesa como produtos novos.
Já não chega ao consultório de motorona amarela, quando volta da farmácia onde opina de ajudante. Agora tem um Audi de muitas argolinhas, e só o consultório se mantém.
Os pacientes enfileiram nos sofás, e das paredes ainda pende o James Dean, e uma vamp americana, e as caricaturas dum stalin de bigodes. Tem relógios, e Zippos, e caixinhas de embutidos, e a colecção das moedas na vitrina. Nova novinha só uma placa de madeira com o emblema do Glorioso, e uma águia sobranceira, e o nome do mestre Campos com direito a camarote.
Mestre Campos vive atarefado, entre meniscos que já claudicaram e distensões musculares. Porém muito mais tranquilo do que os poucos funcionários do Museu do Côa, esse elefante branco ali ao lado, no alto duma colina. Pararam as visitas aos auroques, e protestam contra a falta de salários que a Fundação lhes não paga, que não pode.