quinta-feira, 17 de março de 2016

Criativos e repetidores

Este homem que trata o panzer é um génio da mecânica. Encontro-o a ultimar uma chave-ferramenta que lhe vai facilitar algumas operações. Muitas das ferramentas que usa são invenções próprias. Tivesse ele nascido noutro lugar, seria um engenheiro de eleição. E daria lições aos técnicos teutónicos de quem ouviu muito do que sabe.
Era um cachopo, ia muitas vezes à courela do pai, armava costis à passarada. Um grilo num espigão, uma armadilha de arame, uma mola disfarçada no solo, e a vítima ficava aprisionada. Um dia um pássaro soube que não acabaria prisioneiro, se atacasse o isco em abordagem aérea, em vez de o fazer pelo chão. E passou a comer os grilos todos.
Logo este engenheiro juvenil respondeu à emergência, inventando uma maneira de fechar na vertical os braços da esparrela. E acabou-se o desperdício de grilos, que nunca mais desapareceram em vão.
Na mecânica, nas artes, no pensamento, é como em tudo na vida! Só alguns são criativos na multidão dos muitos repetidores. Que reproduzem, imitam, multiplicam, sem deixar nada de novo. Para nosso desconsolo e frustração!