sábado, 12 de março de 2016

Breve-equinócio

Deixo para trás um equinócio-breve e parto. Mas até nos bons momentos a cidade me saúda com maus modos. Ir ao Porto é chegar à porta do terceiro-mundo, porque ele recebe os visitantes numa montra dele.
É um falanstério impróprio, uma nave industrial antiga, um hangar que sobrou duma guerra distante, e tem traves de ferrugem penduradas, e telhados sujos de plástico translúcido, e pombos a voejar. 
Iguais são o desconforto, o desamparo, os desconsolos de alma... Mas nenhum dos autarcas tripeiros dos últimos trinta anos olha o mundo ao seu redor e cora de vergonha!
Os viajantes esperam em rebanho, encostados à parede, confiando escapar a uma trombada dum mastodonte em manobras. Eu praguejo. Mas recuso emigrar para o Alto-Volta, não vá algum erudito, dos modernos que aí andam a ladrar sobre diásporas, tomar-me pelo Diogo Cão e fazer um discurso.