domingo, 27 de março de 2016

Monstro

Na perspectiva dum europeu meridional, periférico e sem peso, a simples possibilidade de Trump vir a ser o presidente da América é nuvem negra, sombria. Que os democratas, um homem ou uma mulher, serão caso a preferir. Mas são equilibristas no arame. Este é mais que um aparente histrião. E é perigoso, na corda bamba sem rede.
A seu tempo terão os republicanos a convenção de Cleveland, no Ohio. E os ecos que lhes chegam do drama da Europa desencadeiam neles reflexos de eficácia. Imaginando um atentado terrorista no recinto, a resposta melhor da multidão presente é ter na mão uma arma.
É exactamente o que defende o lobby da indústria dos armamentos; e a National Riffle Association, que tem rangido os dentes ao Obama: o direito divino dum cidadão trazer à cintura um Colt! 
A sociedade americana imitou a Europa, ultrapassou-a e tornou-se no que é: um monstro. E o Trump, caso lá chegue, só vem agravar as coisas.