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Um certo dia a fidalga preparou a diligência, desceu à estação de Almendra e foi visitar os filhos que estudavam em Coimbra. E lá se tomou de amores por uma visita da casa, um estudante de leis que não chegaria a bacharel, dadas as prioridades. E quando ela, à procura doutra vida, deixou para trás a Família, o doutor olhou para as mãos, ficou com Deus e a Pátria.
Não se sabe ao certo por que enredos, o casal foi parar a uma pensão do Porto, ali à rampa da Escola Normal. E um dia embarcou para a África, que sempre foi bom refúgio dos desesperados. Anos mais tarde, abreviando razões, e uma vez que se finara o patriarca, voltaram ambos a Almendra e ao solar dos bonifrates.
Mas um dia há sempre um dia. E o bacharel, que nunca chegara a sê-lo, veio a saber dos sucessos com o Mal-Casado, e dos antigos enredos de tarimba, por denúncia dum criado. O bacharel quebrou e foi-se embora, ela ficou e morreu. E ainda vive em Almendra quem se lembre da fidalga na feira de Trancoso, a comprar ovos de pata, se não antes a vendê-los, quem o saberá dizer.
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