Já no 2º período clássico, o barroco, domina o desequilíbrio, a desrazão. E nem a Contra-Reforma nem a Santa Inquisição são alheias ao fenómeno. O homem barroco é um espírito atormentado, precário e inseguro, o Galileo que o diga. Foge do real concreto, refugia-se nas formas.
Os frades atarefavam-se a construir sonetos Ao Menino Jesus em metáfora de doce. E o único rigor que praticavam era o de um formalismo extremo, tão surpreendente quanto vazio. [Nise (tb Lisi), sois mais dura que o muro mais duro que a terra goza;
sois mais cruel que a rocha mais cruel que cerca o mar;
sois mais rigorosa que o cometa mais rigoroso que o céu vê.]
A construção da quadra é geométrica, perfeita. Nem lá faltam os 4 elementos, sendo que o fogo é a Nise. Mas é um puro jogo de palavras, um cultismo de escasso conteúdo.
O Vieira, ícone do conceptismo, elaborado jogo de conceitos, por força tinha que ser o grande mestre que foi, da língua portuguesa. Teve que inventar uma maneira de carrear em linguagem o sarilho em que se meteu.