Em meados do séc. XVIII, o Arcadismo, a 3ª fase clássica, foi um precário interregno de equilíbrio, antes da grande onda romântica. Reagindo aos formalismos ocos do barroco, e reclamando os princípios do racionalismo iluminista, os árcades procuraram ressuscitar as antigas formas e lugares clássicos, seguindo modelos franceses. Em certa medida foi um refúgio falhado, porque a história não avança recuando.
Porém, fazendo eco duma crescente ascensão cultural burguesa e do declinar do antigo regime , há um quotidiano prosaico que entra pela primeira vez na poesia. O louro chá no bule fumegando, de Correia Garção, que usa ainda a forma clássica do soneto com conteúdos inovadores, é um interessante exemplo dessas contradições.
Mas não tarda aí o Romantismo, de raiz inglesa e alemã, a arrumar na prateleira o universo estético clássico, e a reivindicar os direitos da subjectividade, da inspiração, do génio, do individualismo, do "eu": o sentimento, a paixão, a noite, a solidão, o belo-horrível, a tradição popular medieval como origem nacionalista, tornam-se tópicos comuns.
O liberalismo político não faz senão alargar o espaço cultural e social burguês. E a prosa portuguesa, com as Viagens na Minha Terra, de Garrett, solta-se para a modernidade.
A história nunca se repete ipsis verbis, ou ficaria parada. O que se repete é o seu ciclo, integrando elementos novos que a fazem avançar.