Dizer que o PSD é uma matilha perigosa corre o risco de parecer afirmação incendiária, descabelada, medida por considerandos ideológicos mais do que por equilibrado senso.
Quem nos dera que assim fosse! Quem nos dera ter a oposição que a democracia não dispensa, feita por quem perdeu as eleições!
Por desgraça, ao que assistimos, (com cansaço, e nojo, e exaustão, e finalmente com indiferença fatal), é a manobras sucessivas de chicana política, que servirão clãs famintos de poder, mas nada têm que ver com o interesse colectivo.
O PSD é um partido que só o poder sustenta, e anda a ração contada há demasiado tempo. Finalmente produziu três candidatos que disputam a chefia. A cada um a mais convincente artilharia.
Paulo Rangel anunciou à Europa que já não há estado de direito em Portugal. É-lhe indiferente o que isso significa para o BCE, para o FMI, para o BM, para os mercados da dívida e os abutres da especulação.
Passos Coelho exige a cabeça do Procurador-Geral da República, por suspeita de conluio com o primeiro-ministro. Pouco lhe importa que saia dinamitado o que resta da Justiça.
Aguiar-Branco faz sua a voz do esquerdismo irresponsável. Reclama ao Parlamento a Comissão de Inquérito que há-de levar à intervenção do PR, se não forçar o impeachment de Sócrates.
Entretanto o Executivo atola-se, o OGE hesita, o PEC não anda nem desanda, o país cambaleia. Nem há-de faltar Alberto João Jardim para ajudar à festa, com a tragédia da Madeira.
Miguel de Unamuno andou por aqui há cem anos. Não sei o que terá visto, para chamar aos portugueses uma raça de suicidas. Mas alguma coisa viu.