Porque a zelosa Hera colou no flanco da bezerrinha branca um moscardo aferroado, para a escarmentar e enlouquecer.
A pobre Io vagueou pelo mundo conhecido, ladeou o mar jónico e atravessou o Bósforo, o qual significa vau da vaca, num linguajar estranho. E acabou por se encontrar com Prometeu, agrilhoado no cimo do Cáucaso, pasto dos grifos por castigo de Zeus. Dele recebeu frágil consolo, antes de alcançar um dia a margem do Nilo, onde o Tonante a devolveu à forma humana. Do seu conúbio nasceria Hércules, o magnífico, que libertou Prometeu do seu rude fadário.
Da guerra que foi entre os Deuses e os Titãs, em tempos pré-humanos, restam hoje ecos no museu de Pérgamo, em Berlim. E por nela ter tomado o partido dos deuses, foi Prometeu depois chamado a criar os homens, juntamente com o irmão Epimeteu. Logo este malbaratou nos animais os melhores atributos: eram fortes, e rápidos, e astutos, e tinham penas, e pêlos, e conchas, com que se protegiam. Pouco sobrou para os humanos, além da nobreza da verticalidade.
Só restou a Prometeu trazer do sol uma tocha de fogo, e oferecê-la aos humanos. Zeus pô-lo a grilhões, no alto da montanha.