quarta-feira, 24 de março de 2010

Mitologias - Pã

O deus Pã não morreu.
Cada campo que mostra
Aos sorrisos de Apolo
Os peitos nus de Ceres -
Cedo ou tarde vereis
Por lá aparecer
O deus Pã, o imortal.
(...)
[Ricardo Reis, Odes]
No complicado edifício da mitologia clássica, Pã era uma das divindades menores, da Terra. Folgazão e turbulento, com costela de sátiro, usava chifres e cascos de bode. Patrocinava pastores e cabreiros, e habitava nas florestas, nas montanhas. Eram-lhe atribuídos os ruídos e vozes do arvoredo, que assustavam os viajantes e lhes causavam pânico. Músico exímio da flauta de cana, acompanhava as ninfas dos bosques nos seus bailes e folguedos. Estava, claro, sempre apaixonado, mas tamanha fealdade era fatal.
Um dia enamorou-se duma ninfa, que assustada lhe fugiu. E quando estava prestes a agarrá-la, viu-a transformar-se num tufo de canas.
- Serás minha, mesmo assim!
E fez das canas uma flauta de Pã, unindo-as com cera de abelhas.