Boqueja-se que Manuel Dias Loureiro, dilecto filho de Aguiar da Beira, deputado da Nação, ministro de Cavaco Silva, conselheiro de Estado do círculo do Presidente, cavalheiro de indústrias de sucesso e um finíssimo alho para os negócios, já não tem bens em seu nome.
A ser assim, está-se num encruzilhada. Ou bem que o homem caiu no despojamento místico, deu aos pobres o que tinha, e um dia destes acaba canonizado, no panteão dos eleitos que nos adornam a história...
Ou então sente a justiça à perna, e teme algum deslize da justiça. Por isso transfere os bens a um vago primo taxista e espera que a chuva passe, até que do passado não restem outros sinais.
O inconveniente do gesto é ser confissão de culpa. É exibir o cartão da confraria dos escroques.
Ainda um dia saberemos o destino que escolheu.