Com vénia do dr. Luís Queirós
Presidente da Marktest e membro da ASPO Portugal
O desastre que, no golfo do México, originou a explosão da plataforma petrolífera "Deepwater Horizon", e danificou as tubagens de recolha, está a provocar o derramamento no mar de milhões de litros de crude por dia. Pelo seu impacto e gravidade, esta catástrofe ambiental já foi comparada ao acidente de Chernobyl, na Ucrânia, e mesmo ao 11 de Setembro. Os americanos estão atónitos, e alguns parecem mesmo aterrorizados com a situação que se vive. Sobretudo com a incapacidade que a BP está a demonstrar em lidar com a situação.
A mancha de crude já avançou para os "sapais" da costa, e ameaça destruir esses frágeis ecossistemas que são fontes de vida e onde se reproduzem muitas espécies marinhas. Muitos já duvidam da capacidade da BP para controlar o derrame, fala-se mesmo que ele poderá continuar até o petróleo subjacente se esgotar naturalmente. Poderá ser necessária a intervenção da US Navy, e há até quem advogue que se faça explodir uma bomba atómica de profundidade para selar o “buraco” por onde sai o petróleo.
Os custos deste desastre são incalculáveis. Há dias Matt Simmons, conhecido especialista em petróleo, declarou que esta situação, a não ser rapidamente resolvida, pode levar a BP à falência, tais são os custos e os processos judicias (mais de 6000!) que terá de suportar. Tais declarações provocaram, de imediato, um rombo de mais de 10% nas acções da companhia.
Este catastrófico acidente vem colocar interrogações sobre a segurança da exploração de petróleo em jazidas submarinas, sobretudo em águas profundas. O presidente Obama já adiou por seis meses a concessão de licenças para novas perfurações ao largo da costa americana do golfo do México. Desde há alguns anos que a exploração de petróleo em águas profundas tem vindo a aumentar, e representa já uma boa parte da actual produção de petróleo. As zonas onde existem estas explorações são o Golfo do México, a costa africana (Angola, Golfo da Guiné) e as promissoras bacias do litoral brasileiro ao largo de Santos. Admite-se que existam outras zonas com elevado potencial, como é o caso das zonas polares a norte do Alasca e da Sibéria, do “offshore” do Canadá e da Gronelândia.
Num mundo marcado pela crise e pela incerteza, este caso ensombra ainda mais o panorama da retoma da economia. E vem alertar para os problemas ambientais ligados à extracção de crude e de carvão. Casos menos mediáticos, mas tanto ou mais gravosos do que este, (como sejam o da exploração das areias betuminosas da província de Alberta no Canadá, ou a contaminação aquática na Nigéria), poderão a partir de agora ser trazidos para a ribalta, na sequência do que se passou no golfo do México.
Quando se trabalha na fronteira dos limites da complexidade os riscos aumentam, aparecendo com maior frequência as ocorrências anómalas e de consequências devastadoras, os chamados “cisnes negros”. É como se existisse uma válvula de escape do planeta, que funciona quando deixamos de ser capazes de controlar os riscos. A lembrar-nos, constantemente, que se não actuarmos na defesa do ambiente, a natureza actuará por nós…
Presidente da Marktest e membro da ASPO Portugal
O desastre que, no golfo do México, originou a explosão da plataforma petrolífera "Deepwater Horizon", e danificou as tubagens de recolha, está a provocar o derramamento no mar de milhões de litros de crude por dia. Pelo seu impacto e gravidade, esta catástrofe ambiental já foi comparada ao acidente de Chernobyl, na Ucrânia, e mesmo ao 11 de Setembro. Os americanos estão atónitos, e alguns parecem mesmo aterrorizados com a situação que se vive. Sobretudo com a incapacidade que a BP está a demonstrar em lidar com a situação.
A mancha de crude já avançou para os "sapais" da costa, e ameaça destruir esses frágeis ecossistemas que são fontes de vida e onde se reproduzem muitas espécies marinhas. Muitos já duvidam da capacidade da BP para controlar o derrame, fala-se mesmo que ele poderá continuar até o petróleo subjacente se esgotar naturalmente. Poderá ser necessária a intervenção da US Navy, e há até quem advogue que se faça explodir uma bomba atómica de profundidade para selar o “buraco” por onde sai o petróleo.
Os custos deste desastre são incalculáveis. Há dias Matt Simmons, conhecido especialista em petróleo, declarou que esta situação, a não ser rapidamente resolvida, pode levar a BP à falência, tais são os custos e os processos judicias (mais de 6000!) que terá de suportar. Tais declarações provocaram, de imediato, um rombo de mais de 10% nas acções da companhia.
Este catastrófico acidente vem colocar interrogações sobre a segurança da exploração de petróleo em jazidas submarinas, sobretudo em águas profundas. O presidente Obama já adiou por seis meses a concessão de licenças para novas perfurações ao largo da costa americana do golfo do México. Desde há alguns anos que a exploração de petróleo em águas profundas tem vindo a aumentar, e representa já uma boa parte da actual produção de petróleo. As zonas onde existem estas explorações são o Golfo do México, a costa africana (Angola, Golfo da Guiné) e as promissoras bacias do litoral brasileiro ao largo de Santos. Admite-se que existam outras zonas com elevado potencial, como é o caso das zonas polares a norte do Alasca e da Sibéria, do “offshore” do Canadá e da Gronelândia.
Num mundo marcado pela crise e pela incerteza, este caso ensombra ainda mais o panorama da retoma da economia. E vem alertar para os problemas ambientais ligados à extracção de crude e de carvão. Casos menos mediáticos, mas tanto ou mais gravosos do que este, (como sejam o da exploração das areias betuminosas da província de Alberta no Canadá, ou a contaminação aquática na Nigéria), poderão a partir de agora ser trazidos para a ribalta, na sequência do que se passou no golfo do México.
Quando se trabalha na fronteira dos limites da complexidade os riscos aumentam, aparecendo com maior frequência as ocorrências anómalas e de consequências devastadoras, os chamados “cisnes negros”. É como se existisse uma válvula de escape do planeta, que funciona quando deixamos de ser capazes de controlar os riscos. A lembrar-nos, constantemente, que se não actuarmos na defesa do ambiente, a natureza actuará por nós…