Houve um tempo em que a viagem, de Riba-Côa às chaminés de Leça, demorava uma semana. Hoje bastam duas horas. Foi isso que eu gastei um dia destes, entalado entre três carrões escuros, A25 adiante.
Ora agora passo eu, ora agora passas tu, pois que Viseu já passou, sempre a abrir até ao Caramulo em aguerrida folia, é um gosto andar assim. Além disso as portagens são SCUT, diz um ministro e crêem os viajantes, por causa da interioridade, por causa das regiões deprimidas, por causa dos níveis de rendimento, por causa da falta de alternativas, por variados equívocos. E aguentei-me no balanço, até que apareceu Albergaria e me salvou.
Eu entrei nas portagens da A1, eles seguiram em frente. - Vão torrar para a Costa Nova, os maganões! - pensei cá com os meus botões. E sosseguei.
Na portagem dos Carvalhos paguei 3 marcos e quinze, desviei para o IP1 e lá fui na direcção do Freixo. Porém, a páginas tantas, surgem duma betesga os três carrões, que não foram afinal torrar-se para a Costa Nova. E dei comigo outra vez ensanduichado.
- Otário! - gritou-me um deles, e seguiu, que eu já não estava para festas. Mas ficou-me a injúria no ouvido, e mais tarde investiguei.
Três minutos além de Albergaria, os três carrões entraram na A49, que vai para o Porto ao lado da A1. Além de Espinho desviaram para a A51, que ruma a leste e os deixou no IP1. E assim nos voltámos a encontrar. Percorreu a quadrilha 250 quilómetros de SCUT, sem pagar um metro de portagem. Paguei eu, pela minha ignorância.
Foi bem feito! Quem me manda a mim desconhecer que em Portugal os almoços são de borla, e o governo é que os paga?! Que os alemães fabricam carrões escuros, e se esfalfam a trabalhar para nós?!