A sociedade que mais temo é a chinesa, a maoísta. É muito bem capaz de me condenar à morte, só para me extrair o fígado à socapa e traficá-lo.
A que tomo por mais falsa e deletéria é a sociedade americana. É tão pragmática e eficaz, que aliena o mundo inteiro na certeza de que a felicidade está numa coca-cola, numas botas de cow-boy, e num balde com três quilos de pipocas.
Aquela que menos prezo é a inglesa, de aristocratas falidos. Trocou uma história de realizações notáveis, uma tradição cultural que faz inveja, e uma indústria que já foi de ponta, pelas migalhas ilusórias dum banquete neoliberal.
E a que mais pena me dá é a portuguesa, onde o povo sobrevive por milagre. Anda há séculos a fingir que é, sem nunca ter existido.