Bem gostava eu de ter um link para isto! Mas não tenho, nem sei onde o arranjar. Por isso transcrevo, em parte, António Guerreiro, no ATUAL de hoje.
«(...) Por exemplo, quando se decide aumentar o IVA dos bilhetes de cinema de 6 para 23%, poupando os livros a essa subida, o princípio que determina esta medida é o de que há um valor cultural - de índole humanista, como sabemos - no ato de ler com o qual o cinema, filho da indústria do entretenimento, não tem o mesmo grau de compromisso. (...)
E, no entanto, há aqui algo de profundamente injusto e inadequado ao que se passa efetivamente. Os livros, quase na mesma proporção do cinema (isto é, a larga maioria) são meios de produção da imbecilidade e, se fosse possível introduzir aqui alguma justiça, deviam ser taxados como o tabaco. (...)
É preciso perceber que o amor universal pelo livro, a ideia de que o livro é, em si, uma coisa boa, encerra uma mentira: a de que muitos deles são nefastos e não deviam gozar de nenhuma prerrogativa. Como nefasto é este contrato público que prescreve a bondade dos livros e permite aos seus 'agentes' (autores, editores, difusores, livreiros) prosseguirem uma tarefa de destruição em nome de um grande amor por eles».
Não caberá, ao crítico, dizer-nos o que ler e o que não ler.
Mas é sua estrita obrigação avisar claramente a nossa iliteracia que anda aí muita coca marada, com selo de garantia.
Que nunca lhe doa a pena, ao Guerreiro! É que os papagaios avençados nunca o fazem. Em proveito da vidinha, a deles, e em prejuízo da nossa!