De forma que a certa altura chegou o Marco António Costa, vice-presidente da quadrilha, e logo disparou:
- Meu menino, ou tens eleições no país ou no partido, é só escolher!
Foi então que o Passos Coelho, sentindo as barbas a arder nas unhas da baronagem, inventou a mentirola do telefonema do primeiro-ministro, a dar-lhe vaga notícia do PEC4, acertado com a Europa nas costas dos portugueses. O que fora uma conversa a dois, de quatro horas, reduziu-se a um SMS do aldrabão.
No dia seguinte leram as manchetes matutinas e chumbaram o PEC4. A esquerda radical deu um jeitinho, o inimigo estava encurralado.
O governo demitiu-se, os do rating reagiram, o mercado aproveitou. Entregou-se isto ao FMI, e o presidente embuçado marcou as eleições, que a direita ganhou folgadamente com duas jaculatórias: bancarrota e setecentos mil desempregados, que um célebre bandido nos deixou.
Levaram-nos bem levados na patifaria, já costumeira e antiga. Que além de conhecermos mal a história, a nossa memória não é lá grande coisa.
É aqui que estamos agora, à espera dum PEC5 que não tarda. No meio das tormentas da Europa, que agora já entram na narrativa. Porque ninguém está imune à crise, e Portugal não pode falhar. Nem ia falhar agora, com tantos séculos de glórias.
Agora sim, há pernas para andar!
Adenda: De acordo com o cronista, Marco António Costa ufanou-se, em família, de ter provocado as eleições. Como quem apresenta serviço.
Com uma tal lança em África ao serviço da pátria, ganhou a malta do pote, não resta qualquer dúvida. Conforme aconteceu noutros casos já vistos.
Agora que Portugal tenha ganho alguma coisa, ainda está para se ver.