Quantos mais discursos oiço, do nosso Presidente, mais iluminado me acho. Por ser cada um deles um farol aceso, a rasgar as trevas da nossa madrugada. São eles que me ajudam a entender o passado que tivemos, o presente que aí está, e o destino futuro que se mostra.
Cavaco Silva governou Portugal durante dez anos fundamentais, com duas maiorias absolutas do PSD. Era esse o tempo de começar de novo, de cavalgar a esperança, de enterrar um passado desgraçado e delinear um futuro diferente.
Jorravam todos os dias os fundos da Europa, e Portugal chegou a ser um oásis de gente rica: trocou prazos de reconversão da agricultura por jipes de tracção integral; abençoou o abandono dos campos; abateu os barcos e afogou a pesca, contra viaturas alemãs topo de gama; saldou a pouca indústria, como coisa que se tornara inútil; amamentou interesses e bebedeiras tóxicas, porque o futuro era o betão e o alcatrão.
O espólio de Cavaco da década dourada, e das maiorias do PSD, são esses caboucos duma renovada ruína, e os seis mil milhões dos gangsters do BPN.
Portugal, pelos vistos, está-lhes muito grato. E os discursos actuais do nosso Presidente só mostram que cada um tem aquilo que merece. Pessoal e colectivamente.