sexta-feira, 16 de julho de 2010

Como "não" será o mundo, daqui a 100 anos

Com vénia ao dr. Luís Queirós
Presidente da Marktest e membro da ASPO Portugal

Há semanas atrás escrevi aqui sobre a forma como os nossos bisavós imaginavam o mundo de hoje. E ficou claro que havia naquele imaginário uma crença profunda num mundo melhor: mais organizado, mais fácil, menos poluído, mais livre de doenças e de pragas. Na opinião dos nossos avoengos, os homens e mulheres do futuro seriam mais felizes, e o mundo iria transformar-se numa espécie de paraíso terrestre.
As previsões de há cem anos inspiravam-se na crença de que a evolução tecnológica e o progresso do conhecimento não teriam limites. E que, ao desvendar os segredos das Ciências e ao dissecar as células microscópicas, o Homem iria explicar as origens da Vida e penetrar nas profundezas da Alma. Assim adquirindo a sapiência e o poder que antes só eram atributos dos deuses.
Mas o mundo dos últimos 100 anos não teve a "suave" evolução que se esperava. Foi antes uma espiral de acontecimentos contraditórios, em que os sucessos foram, muitas vezes, submergidos pelos insucessos. Descobrimos a penicilina mas tivemos o Holocausto, eliminámos a varíola mas vimos massacrar gente, em muitas partes do mundo. Produzimos e consumimos mais, e andámos mais depressa. Mas estamos, por causa disso, a esgotar os recursos e a destruir o ambiente. Libertámos a energia do átomo, e com ela mataram-se pessoas. Descobrimos o ADN, e já "manipulamos" genes de animais e plantas.
E quando parecia estarmos a atingir o paraíso, vimos o planeta reagir em fúria, parecendo contrariar o nosso desejo. Surgiram, quando menos se esperava, os tornados, os furacões, as enxurradas súbitas, e enfrentámos o aquecimento global. Até o planeta já se nega a que lhe retirem das entranhas o “sangue” negro que alimentou a nossa expansão. O “excremento do diabo”, como já lhe chamaram.
Por isso eu não me atrevo a fazer previsões para os próximos 100 anos, e já me contentaria se alguém mas mostrasse para os próximos dez. Porque, acredito eu, muita coisa se irá decidir neste curto prazo. Porém, o simples pensamento no que "não" poderá acontecer no século que temos pela frente, já é preocupante. E isso eu posso prever:
- A população “não” poderá voltar a multiplicar-se por quatro, como aconteceu nos últimos 100 anos.
- O aumento progressivo da concentração de CO2 na atmosfera “não” pode continuar.
- "Não" podemos continuar a destruir espécies, como temos feito até agora.
- O consumo de energia fóssil, barata e abundante, “não” continuará a crescer.
- "Não" poderemos continuar a desperdiçar recursos escassos, a começar pela água.
- Os economistas “não” vão ser capazes de resolver os problemas económicos do mundo.

Não queiras prever o futuro das coisas
Elas são imprevisíveis!
A fronteira entre a ordem e o caos
É o bater das asas de uma borboleta...
A amena fogueira dá lugar ao incêndio devastador
A brisa suave dá lugar ao tornado assustador
A chuva serena dá lugar à enchente destruidora
E ao doce crepúsculo, segue o dia claro ou a noite de trevas...