domingo, 25 de julho de 2010

As sobras e as faltas


Duas casas que um século separa e a condição irmana. Não albergam nem servem a ninguém.

Ao fundo uma quinta velha, vencida pelo tempo, sem préstimos maiores. Mais perto uma quinta nova, inútil e falhada, que a vencem a desmesura e o desequilíbrio. Violenta a paisagem, instaura a desarmonia, agride-nos o olhar. A cinco léguas já luz.

Faz lembrar um tempo que vivemos, e um rei que um dia tivemos e já esquecemos. Mandou vir aos holandeses dois carrilhões de Mafra, para mostrar a essa gente que o ouro brasileiro chegava para pagar um, e até sobrava para outro.

O ouro de então chegou, sem ter sobrado. O de agora é que não sobra nem chega, para semelhante espavento.