O Miguel de Vasconcelos original acabou morto a tiro, na manhã de 1 de Dezembro de 1640. Porque, como é sabido, era secretário de estado da vice-rainha, a duquesa de Mântua, constituindo uma peça-chave da política do conde-duque de Olivares em Portugal.
Em boa hora posto no seu lugar, deixou no entanto uma sequela. Chama-se Paulo Rangel, e é hoje deputado europeu no Parlamento de Estrasburgo. Isto enquanto não fizerem dele o novo capo do PSD, partido que há muito tempo anda em desespero à procura de cabeça. Entre mais coisas, e a golpes de retórica e demagogia infrene, foi ele que tornou possível a um partido em estado pré-comatoso ganhar as passadas eleições europeias. O que foi uma chatice, porque assim os portugueses só se podem queixar de si próprios. É que a sequela pede meças ao original.
Num momento de particular incerteza e gravidade, em que o país resvala para as unhas dos especuladores financeiros e das agências de rating, a irresponsabilidade, a inconveniência e o oportunismo político do deputado do PSD podem mais do que qualquer sentido patriótico. Por isso ele não hesita em declarar que sim senhor, que Portugal está numa situação semelhante à da Grécia, e pode agravar-se mais. O país já não é um estado de direito por culpa do governo, que põe em causa a liberdade de expressão, e quer controlar a imprensa, e a rádio e a televisão.
Para que conste! E os abutres da finança não venham dizer depois que ele não avisou a tempo!