Aqui há uns anos, uns tantos militares fizeram o que tinham a fazer pelo país e voltaram ao quartel. Entregaram o poder na sua sede natural, que são as instituições dum regime democrático resultantes da escolha eleitoral, e ficaram calados. E olhados globalmente, têm sido desde então uma das poucas corporações profissionais cujo desempenho não faz corar de vergonha a pátria cabisbaixa.
Agora duas dúzias deles vêm à praça pública com um pronunciamento, em forma de carta aberta. Consideram aberrante que se chame casamento à união de duas pessoas do mesmo sexo, recentemente aprovada no parlamento. E reclamam que se faça um referendo, para esclarecer a questão.
Mais lhes valera manterem-se caladinhos. A um lado porque ninguém lhes reconhece credenciais específicas na definição dos cânones. A outro porque se lhes adivinha a intenção de contestar o facto, mais que a designação dele. E finalmente porque diversas matérias, bem mais graves e prementes, fustigam a Pátria e afligem o coração dos múltiplos patriotas.
Mais lhes valera manterem-se caladinhos, e não virem acirrar a insânia geral.