A missão do rico é curvar-se sobre o pobre que sofre e aliviá-lo.
[Boletim da Mocidade Portuguesa Feminina, Março 1941]
Há 35 anos, havia em Portugal um gesto que faltava. Era o gesto necessário, fulcral, indispensável, para que o pobre tivesse um país, e o rico pudesse viver sem se curvar.
Orgulho-me de pertencer à geração que praticou o gesto inadiável, que a nossa vida há muito reclamava. Para que todos tivessem um país.
O pior é o sarro da história, que nos confunde as ideias.
O pior são as elites que não temos, porque só nascem da consciência colectiva.
O pior é a economia que nunca edificámos, distraídos com palmeiras e miragens.
O pior são os milhões a vegetar na pobreza, ao lado da clique de gestores mais bem paga do mundo.
O pior é voltar a ser doutrina o que dizia a Mocidade.