sexta-feira, 22 de março de 2013

HAJA LUZ! - 29

[Cripta com os túmulos de Louis e Marie Pasteur-Paris 1896]

«(...) Louis Pasteur veio ao mundo a 27 de Dezembro de 1822, em Dôle, na região vinhateira do Jura, no leste de França, mas cresceu perto dali, em Arbois. Não admira que os produtos do vinho e a fermentação tenham ocupado uma boa parte da sua vida de cientista prático. O pai, Jean-Joseph, servira nos exércitos de Bonaparte, e depois abrira uma pequena alcaçaria doméstica, onde trabalhava o couro. Homem modesto mas de grandes ideais, passava as noites a ler livros (principalmente de história) para remediar a educação que não tivera. Ambicionava uma carreira de professor para o filho, e incutiu nele os valores do estudo, do trabalho, da disciplina, do amor ao próximo e duma profunda ligação à terra. "Há mais sabedoria nestas centenas de litros de vinho, do que em todos os livros de filosofia do mundo". (...)
De qualquer modo, aos dezanove anos, e sem que se saiba bem porquê, Pasteur abandonou a pintura para se dedicar totalmente à ciência. (...) A ideia de Pasteur era especializar-se em física e química, com ênfase na cristalografia (que estava na moda). (...) Nesses tempos, o ensino era fundamentalmente livresco, mas Pasteur entusiasmou-se cedo pela experimentação, aproveitando todos os tempos livres para trabalhar no laboratório. (...) Terminado o doutoramento em 1847, foi colocado numa escola de Dijon a ensinar Física. Confrontado com turmas de 80 alunos, inventou as aulas práticas de laboratório para lhes prender a atenção. Mas não aqueceu o lugar. O que Pasteur mais desejava era ser investigador e contribuir para o progresso da ciência. Em Janeiro de 1848, graças à intercessão de Biot e Dumas, foi nomeado professor de Química na Universidade de Estrasburgo.
Poucos meses depois conheceu Marie Laurent, uma das filhas do reitor da universidade, e foi amor à primeira vista. (...) As bodas realizaram-se em Maio desse ano, assim começando uma das mais felizes uniões da história da ciência, apesar de marcada por desgostos pessoais como a morte de três filhas pequenas (duas de febre tifóide), ou a congestão cerebral que o cientista sofreu em 1868, e que o deixou parcialmente paralítico do lado esquerdo (mas não inactivo). (...) Parte do salário e todo o dinheiro dos prémios que ao longo da vida foi acumulando eram investidos em equipamento e consumíveis de laboratório. Mme Pasteur não só não se queixava, como protegia o marido de todos os dissabores. Soube rodeá-lo do conforto, paz e silêncio de que ele necessitava para prosseguir nas suas investigações. (...) Em 1854 aceitou o lugar de professor de Química e deão das ciências na recém-criada Universidade de Lille, com a missão expressa de orientar o ensino e a investigação para as indústrias locais. (...)»