sábado, 2 de março de 2013

Cenários de papel

Hoje como ontem, as elites portuguesas e seus letrados de turno trocam realidades da história por mitologias pintadas. Substituem, como sempre, na escudela do povo, as proteínas da vida por histórias de encantar.
Já nos tinham metido na cabeça o vão orgulho dum Navegador que foi o pai da globalização, e dum épico Vasco da Gama que inventou a Internet. Agora é pela mão de dois letrados, na exposição 360º Ciência Descoberta, que esta quasi-verdade enganadora dá vários saltos em frente, a propósito da ciência.

«Na Idade Média  havia uma presunção enciclopédica, havia a ideia de que se sabia tudo. O mundo medieval é local. Isto vai literalmente explodir no séc. XVI. Temos pessoas simples a dizer que as enciclopédias estão erradas. Já viu a bomba mental que isto é? Começou na Península Ibérica e propagou-se pela Europa.»

«Qualquer marinheiro português ou espanhol sabia tomar medidas [de navegação pelos astros], consultar tabelas - esse é o grande contributo ibérico e não se pode ignorar que é importante para o aparecimento da ciência moderna. O homem medieval não fazia isso, só as elites.»

«Além disso havia um optimismo, uma autoconfiança, um deslumbramento, uma curiosidade pelo mundo por parte dos portugueses daqueles tempos. (...)»

«Mas alguma coisa se perdeu depois pelo caminho? "Estou de acordo. Os fluxos de dinheiro deslocaram-se para o Norte da Europa e a ciência foi para o Norte da Europa. As instituições da educação na Península Ibérica são muito débeis".» [in PÚBLICO]

Pobres destes letrados! E de nós, que não saímos daqui!