[Excerto roubado AQUI]
A bancarrota da Grécia e a da Irlanda são explicáveis com palavras simples: os gregos foram aldrabões e irresponsáveis, e os irlandeses foram estúpidos à n potência. A situação da Irlanda é espantosa: o país sofreu basicamente uma explosão de uma bolha imobiliária, à semelhança dos EUA, que destruiu o seu sistema bancário. De um momento para o outro, os poderosos bancos irlandeses ficaram com dívidas gigantescas incobráveis garantidas por propriedades cujo valor era, para efeitos práticos, zero. A diferença para a Grécia é que, à semelhança da Islândia, isto era uma crise de capitais exclusivamente privados. O estado estava bem e recomendava-se, sem problemas de financiamento e sem défice. E o que é que os irlandeses resolveram fazer? Em vez de deixar os bancos falir, mesmo com consequências nefastas, e reconstruir a partir daí, resolveram nacionalizá-los, e assumir todas as dívidas. Todas, sem excepção, e sem perdas para os investidores que lá tinham posto o dinheiro. De um momento para o outro, os cidadãos irlandeses eram responsáveis por uma dívida que está agora em 160 mil milhões de Euros. E ainda nos queixamos do BPN.
A grande questão da Irlanda é que o capital dos bancos vinha em grande parte dos bancos Alemães e Franceses. Caso tivessem falido, as perdas aconteciam nesses países, obrigando a que factura da bolha especulativa que o governo irlandês permitiu fosse paga não pelos Irlandeses, mas pelos contribuintes alemães e restantes países. Mas alguém pagaria. Por isso, não consigo sequer imaginar a pressão que o governo irlandês, apanhado de surpresa pelo rebentamento, sofreu por parte dos seus poderosos vizinhos para limparem a porcaria que tinham deixado acontecer. Por isso assumiram as dívidas, passando a ser um problema de estado. Estado esse que passou, então, a necessitar de ajuda urgente por parte dos seus parceiros.