Capucho, um entre os muitos barões da São Caetano à Lapa, deixou há dias dito ter chegado o momento de a ética e a moralidade voltarem à política. (Na mira, tinha ele a queda do governo).
De facto, nunca de lá deviam ter saído, se alguma vez lá estiveram. Mas o que é surpreendente é uma tal declaração sair assim descarada da boca dum cavaquista.
Chefiado, muitos anos, por uma trôpega figura de conspirador desleal, toda ela feita de inépcia, hipocrisia, calculismo e demagogia, o PSD nunca teve para oferecer a este povo naufragado a mais ligeira ideia do que fosse a transformação urgente e a inadiável modernidade. Educação, saúde, justiça, economia, administração, futuro... tudo se resumiu sempre a sofreguidão pelo poder.
Por isso, o legado mais visível que o cavaquismo deixou foi a choldra que pulula por aí: de barões oportunistas, de videirinhos, de falsários, de escroques e de gangsters.
O governo do PS, que também não tem a caderneta limpa, acaba de cair. No delicado contexto em que o país se encontra, só se pode dar razão ao Unamuno: Portugal é um estranho país de suicidas.