segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Vultos na paisagem


Um vulto é um espantalho de contornos difusos, e temos dois na paisagem literária: o primeiro é o prémio Nobel, e o segundo a falta dele.
O prémio Nobel, a incurável presunção, diz que o deus criador é um filho da puta, que não é de fiar. E a falta dele, o egocentrismo idólatra, confidencia que o bom deus lhe conduz a desgarrada mão, sempre que escreve.
O deus criador balança entre estas inanidades, já trinta vezes repeso de as ter arrancado ao pó. Mas nada pode fazer. Quer o prémio Nobel, quer a falta dele, já só fecham a torneira febril da produtividade, quando a lista das obras completas ocupar a folha inteira.
E falta pouco, num e noutro caso. Felizmente para a nossa paciência.