quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Comunidades de transição

As gerações do último século tiveram o privilégio histórico de dispor duma energia abundante e barata, que levou milhões de anos a gerar: os hidrocarbonetos fósseis. Graças a eles a vida transformou-se completamente, e grande parte da população do planeta pôde usufruir dum desenvolvimento nunca experimentado. Foi também graças a eles que as sociedades mais evoluídas construíram um modelo de desenvolvimento edificado sobre o crescimento contínuo, baseado no mercado e no consumo.
Três são os estados possíveis dum sistema que opera em universo finito:
1 - estático ou congelado;
2 - em expansão, até ao limite físico do seu universo;
3 - oscilatório, com mecanismos de auto-compensação;
No que diz respeito ao nosso planeta, é hoje clara a consciência dos limites em variados campos: na energia, na poluição, na água potável, no solo arável, no aquecimento global, nas alterações climáticas, na exploração predatória dos recursos, na extinção das espécies, na biodiversidade.
O desequilíbrio atingido é multifacetado e já inegável. Se todos os habitantes da terra consumissem à medida das sociedades ocidentais, só os recursos de quatro planetas iguais satisfariam as suas necessidades. E o presente modelo de desenvolvimento apenas sobrevive se apoiado no mesmo consumismo frenético e no mesmo impossível crescimento contínuo.
Pelo que a pergunta se torna imperiosa: é possível que as sociedades humanas se desenvolvam e progridam, sem crescimento contínuo, sem consumismo predatório, sem mercado todo-poderoso?
O conceito de comunidades de transição surge como resposta, como busca. E vai fazendo o seu caminho por esse mundo.