A falência do PSD, como coisa politicamente relevante, não é de hoje nem tem remédio. Mas é um mau prenúncio para o país.
Ele foi sempre o melhor espelho da sociedade que somos, no que ela tem de pior. Nenhum partido reflecte as entranhas do país, melhor que o PSD. Nenhum lhe foi tão igual, mesmo quando a maioria votou diferente.
O PSD pegou de estaca quando a liberdade veio, num composto de antigas ruralidades e algumas eminências assustadas. Pilotado por caciques, encomendado por padres, gerido por arrivistas, nunca teve outra mola ideológica que não fossem as benesses do poder. E foi servindo de palco a figuritas cinzentas, fiéis assíduas das missas da ditadura, sem a mais leve noção do que pudesse ser um país diferente e novo.
Num país que estava todo por fazer, o PSD mandou construir estradas e pagou aos empreiteiros, quando chegaram os fundos europeus. E enfeitou-nos o futuro com um novo D. Sebastião. O tal que ficou na história não por aquilo que fez, mas por aquilo que havia de fazer, se não tivesse morrido antes do tempo. Ora disso já nós estávamos servidos.